
A história da menina que driblou a morte, mas não escapou da cegueira, despertou uma onda de solidariedade que poderá ajudar a construir um novo futuro para Ana Vitória, marcada pelo círculo da fome desde os primeiros dias de vida. Dezenas de pessoas escreveram e-mails e ligaram para o Jornal do Commercio se oferecendo para contribuir com donativos e remédios, depois que leram a reportagem publicada no caderno Cidades, na última segunda-feira. O Hospital de Olhos Santa Luzia, em Casa Forte, se prontificou a fazer uma consulta para avaliar as condições de visão de Ana Vitória, verificar qual o diagnóstico e se há condições de ela voltar a enxergar.
A mãe Josivânia dos Santos sonha com um transplante de córnea, mas a menina sequer foi inscrita em uma lista de espera por um doador. Moradora de Floresta, no Sertão pernambucano, Ana Vitória perdeu a visão com menos de um ano, vítima de uma doença da fome. A ciência ensina que o que aconteceu com a menina chama-se hipovitaminose. A carência total de vitamina A, provocada pelo alto grau de desnutrição, fez com que seus olhos secassem. No ano passado, Ana Vitória passou meses internada no Instituto Materno Infantil (Imip), no Recife. Deveria ter voltado para novos exames e acompanhamento médico. Não voltou. A assessoria do Imip informou que o hospital está à disposição para marcar as consultas que forem necessárias.
Em todos os e-mails recebidos pelo JC, os leitores manifestaram o desejo de ajudar Ana Vitória. Como a menina mora a 433 quilômetros do Recife, o que dificulta o envio de donativos, as doações podem ser deixadas numa casa que serve de ponto de apoio para os moradores de Floresta que estão em tratamento de saúde na capital. O endereço da casa é Rua Leopoldo Lins, 169, bairro da Boa Vista. O telefone para mais informações é o 3222.8495.
O JC entrou em contato com a Prefeitura de Floresta, que tem um convênio com a casa de apoio. A administração municipal informou que, todos os dias, um carro vem do município para o Recife e poderá recolher o material e entregar as doações na residência da família, localizada na periferia da cidade sertaneja.
REPERCUSSÃO - Nesta terça (13), a reportagem sobre a vida de Ana Vitória foi tema de debate na Câmara de Vereadores do Recife. Os parlamentares se comprometeram a ajudar no que for necessário para garantir as viagens de Floresta até o Recife, para que a menina possa realizar as consultas médicas.
Há cerca de dois meses, Ana Vitória estava sozinha em casa quando levou um choque num fio descoberto. Levada ao hospital público de Floresta, ela foi medicada e mandada de volta para casa. Com poucos dias, dois dedos da mão esquerda da menina começaram a apodrecer e ela teve que amputá-los.
De Cidades/ JC
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