sábado, 24 de outubro de 2009

Bullying não é caso de polícia, mas de educação


O tema bullying voltou a ter destaque nesta semana depois que pais de alunos de uma escola particular da Zona Norte do Recife denunciaram à Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA) que seus filhos estavam sofrendo as agressões na unidade de ensino. A pedagoga e especialista em gestão escolar Catarina Gonçalves, entretanto, afirma que bullying não é caso de polícia, mas de educação.

"Os autores do bullying praticam porque alguma coisa na identidade deles está precisando de ajuda", esclarece. Segundo a pedagoga, eles não precisam de intervenção policial e sim de educação. "A mudança de atitude perpassa pela reflexão e não pela punição policial", garante. A especialista informa que quem pratica bullying deve perceber que tem que mudar de atitude, pois precisa desenvolver a dupla dimensão, dele e do outro.

A mudança de atitude perpassa pela reflexão e não pela punição policial

Colocar apelido, isolar um colega, quebrar seus pertences, comer o lanche dele. O que, na maioria das vezes, é considerado prática normal entre crianças e adolescentes pode ser mais sério do que se imagina. Esses comportamentos, quando tornam-se repetitivos, são caracterizados como bullying. O fenômeno é uma manifestação de violência entre pessoas da mesma faixa etária que pode ser classificado de múltiplas formas, simbólica, psicológica, física e de patrimônio.

Identificar o fenômeno é um desafio, atesta Catarina. "Normalmente os envolvidos não se manifestam. Os autores do bullying não praticam a violência na frente de pais ou professores e os alvos não pedem ajuda porque temem violências piores", esclarece.

Segundo a educadora, a escola precisa investigar essa realidade através de pesquisas e questionários. "O mais importante é conscientizar os professores para que eles possam reconhecer o bullying como violência. Muitos acham que são brincadeiras tipicamente infantis e que os alunos vão se resolver, o que não acontece", disse Catarina Gonçalves.

A família precisa aprender a reconhecer se seus filhos são autores ou alvos das agressões físicas ou psicológicas. De acordo com a especialista, a criança que pratica bullying é muito segura de si, exclui as pessoas diferentes e acha que a vontade dela é mais importante do que a dos outros, demonstrando comportamentos egoístas. Já os alvos demonstram angústia, depressão, insegurança, falta de vontade de ir à escola e baixo rendimento escolar.

Geralmente, os pais dos agressores são ambivalentes (dificuldade em ter normas claras), autoritários (adotam práticas educativas baseada nos maus-tratos) e dão mais importância aos valores materias em detrimento dos morais.


Isabelle Figueirôa
Do JC Online

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