terça-feira, 21 de julho de 2009
Banco do Brasil pode se associar à Caixa para financiar imóveis, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (20) que o Banco do Brasil pode se tornar sócio da Caixa Econômica Federal (CEF) no financiamento de imóveis nos próximos anos. Segundo ele, a Caixa não dará conta do volume total de empréstimos para o setor imobiliário nos próximos anos.
“Em habitação, eu acho que só a Caixa não vai dar conta do que vai acontecer no Brasil nos próximos anos. Vamos entrar lá e ser sócios. Vamos participar Banco do Brasil e Caixa, poque senão a gente não acompanha o crescimento”, disse durante reunião com o Conselho Diretor do BB, que é composto por diretores e superintendentes da instituição.
O presidente comemorou a entrada do BB no mercado de financiamento de automóveis e declarou que quando a instituição não tiver “expertise” em determinado negócio deve comprar essa experiência.
“Eu fico muito orgulhoso quando agora tomamos a decisão de financiar carros. Ah, mas não tem expertise. Vamos comprar expertise. É por isso que tomamos a decisão de comprar o Banco Votorantim. Eles tinham uma carteira de R$ 90 bilhões de financiamento de carro e o Banco do Brasil não tinha expertise. Vamos ter o dinheiro para financiar carro também”, afirmou.
América Latina
Lula pediu ainda que a direção do Banco do Brasil se esforce para ampliar os negócios da instituição na América Latina e se transforme em um banco sul-americano para ampliar a possibilidade de negócios de interesse do país.
Lula fez uma comparação com a Petrobras. “Nós precisamos ter mais bancos aqui na América do Sul. Vocês não imaginam a quantidade de oportunidades que a Petrobras perdeu ao longo desses 20 anos pela visão pequena que tinha o Estado brasileiro. Foi um trabalho convencer a direção da Petrobras que ela precisava ser uma multinacional de verdade. Aonde puder, tem que fincar a bandeira das Petrobras, o seu conhecimento tecnológico, para que ela se transforme numa empresa muito mais importante do que ela é. A mesma coisa eu penso do Banco do Brasil”, disse.
Lula disse ainda que o banco deve marcar presença em grandes mercados. Segundo ele, é “incompreensível” o Brasil ter um comércio de US$ 40 bilhões com a China e não ter uma agência do Banco do Brasil naquele país. Ele usou o mesmo exemplo com a Venezuela.
“Como é que temos balança comercial de US$ 40 bilhões com a China e a gente só tenha na China um escritório e não tenha um banco de verdade?. Temos quase US$ 5 bilhões de superávit [comercial] com a Venezuela e a gente não tem um banquinho nosso lá para vender, para comprar, para captar. Aí sim, que a gente vai se transformar não apenas num banco do Brasil, mas num banco do nosso continente, com alma brasileira e com força latino-americana. Porque só os grandes bancos estrangeiros têm que ser grandes e a gente não?”
Complexo de 'vira-lata'
Segundo Lula, daqui a dez anos o Brasil pode ficar entre as maiores economias do mundo. “Eu trabalho com a ideia de que o Brasil daqui a dez anos vai estar entre as cinco maiores economias do mundo. Basta que as coisas deem certo e que a gente não faça nenhuma loucura. É só a gente agir com responsabilidade”, analisou.
Segundo Lula, o país tinha “mentalidade de vira-lata”. “ O Brasil teve um tempo que era vira-lata. Tudo para nós era superior. Quem é que gosta de alguém que não se respeita?”. Segundo o presidente, “nós sempre nos tratamos como inferiores”.
Jeferson Ribeiro
D0 G1, em Brasília
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