quarta-feira, 22 de julho de 2009
Greve do Detran-PE derruba venda de carros
Comprar um carro novo e não poder levá-lo para casa. Essa frustração está sendo experimentada pelas pessoas que decidiram adquirir um veículo zero após o início da greve do Detran em Pernambuco, que se arrasta há 17 dias. Sem conseguir o emplacamento do carro, que é concedido pelo órgão, os consumidores esperam pelo fim da paralisação ou tentam emplacar o veículo em unidades do Expresso Cidadão, que já estão com o serviço atrasado por causa da alta demanda. As concessionárias, por sua vez, aglomeram centenas de automóveis não liberados em restritos espaços nas lojas. E, devido aos contratempos, algumas já esperam fechar o mês com queda de 30% no volume total de negociações.
“A gente nem está encaminhando solicitação de emplacamento para o Detran, porque sabemos que o procedimento só vai andar quando a greve acabar. Se o cliente quiser levar o carro para casa, precisa assinar um termo de responsabilidade. Mas geralmente o cliente não quer com medo da receber multas. Por isso hoje já acumulamos cerca de 60 veículos vendidos no depósito”, explica supervisor de vendas da Fiori, concessionária da Fiat, Ângelo Macedo.
Segundo ele, uma avaliação parcial das vendas nas últimas duas semanas aponta para uma queda de 30%, o que representa cerca de 100 veículos. “Se antes da paralisação a gente liberava cerca de 25 carros por dia, hoje esse número não passa de dois”, avalia.
» Atendimento no Detran-PE está sendo realizado com esforço
O consumidor que optar por levar o carro para tentar o emplacamento sozinho precisa, pelo menos, circular com a nota fiscal, se não quiser levar multa de R$ 190, ter o veículo retido e ganhar sete pontos na carteira de habilitação. “Prefiro não arriscar”, comenta Miramolim Cordeiro, que aguarda o fim da greve para levar seu Celta recém adquirido da Pedragon, da Chevrolet.
Assim como ele, outras 103 pessoas já pagaram emplacamento e aguardam liberação de seus veículos nas quatro lojas da Pedragon espalhadas em Pernambuco. “Ainda existem 176 clientes que estão esperando para dar entrada no pedido após final da greve”, conta o gerente da loja em Afogados, Franklin Alves.
Na Autoline, da Honda, as vendas também já experimentam queda de 30%. Segundo supervisor da loja em Afogados, Ulysses Pereira, a maioria dos clientes está apenas negociando e avaliando compras futuras, porque sabe que não vai poder levar o carro na hora. É o caso de Terezinha Sousa Carneiro, 52 anos, que avalia, sem mínima pressa, a aquisição de um Uno novo. “Quando soube que o Detran estava em greve, decidi pesquisar mais”, conta.
Já Solange Vasconcelos chegou a cancelar negócio com a Fiori. “Eu queria um Palio quatro portas e não tinha. Então fechei acordo para um de duas portas. Mas quando soube que não ia poder levar para casa, decidi cancelar a compra para esperar um carro exatamente do jeito que eu quero”.
Em funcionamento normal, o Detran concede emplacamento imediato nas unidades do Expresso Cidadão. Nas concessionárias, o serviço não ultrapassa dois dias, mas está atualmente suspenso, porque as lojas só trabalham com a sede do Detran (da Iputinga), que está completamente paralisada.
Caso o cliente queira buscar emplacamento por conta própria, pode tentar nas unidades do Expresso Cidadão de Peixinhos ou de Jaboatão, que não suspenderam o serviço. Não há, no entanto, previsão do tempo que o cliente esperará, pois o serviço está congestionado. Além disso, o motorista só tem quinze dias para fazer o emplacamento, após a retirada do veículo da loja.
No mercado de veículos seminovos, os efeitos da greve são menos sentidos, embora o serviço de transferência do nome do cliente para o nome da loja (no caso de ele optar por dar como entrada no pagamento um outro veículo) também esteja suspenso. O cliente pode levar o carro sem receio de ser multado, mesmo que a transferência não tenha sido concluída, mas desde que esteja com as outras documentações em dia.
A greve do Detran em Pernambuco começou no último dia 6. Os funcionários do órgão negociam com o governo do Estado 10% de reajuste salarial e a volta da gratificação pela atividade de fiscalização de ruas.
Marina Falcão
Do JC
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