sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Lula diz que Jarbas temia vaias


CUSTÓDIA - Se no primeiro dia de visita às obras da transposição do rio São Francisco, em Custódia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou falar em público para possivelmente diminuir a carga política dessa sua agenda, ontem o petista mudou completamente de postura. Em discurso para os operários - realizado num palanque montado no canteiro da obra - ele saiu em defesa da intervenção como um agente criador de empregos para as pessoas da região e criticou o comportamento dos que se colocam contrários à intervenção. Nesse momento, aproveitou também para alfinetar o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Segundo o presidente, na época em que esteve à frente do Governo do Estado, o peemedebista teria se recusado a andar ao seu lado em municípios pernambucanos por medo de receber vaias.


“Eduardo, quando eu estive em Afogados da Ingazeira para ver a situação, as dificuldades do município, você ainda não estava comigo porque ainda não era governador. O outro governador (Jarbas) não ia comigo porque não queria ou tinha medo de ser vaiado”, bradou o presidente Lula, ressaltando que, na sua gestão, não distingue prefeitos por partidos políticos ou visão ideológica.



“Pela primeira vez na história deste País o Brasil tem um presidente que recebe, escuta os prefeitos como estamos fazendo. A gente aprendeu que a hora de falar mal, de criticar é durante a campanha eleitoral. Depois, a gente tem que governar”, defendeu Lula.



Lembrando que a transposição do rio São Francisco foi uma obra idealizada pelo Imperador Dom Pedro II, ainda no século 21, o presidente afirmou que seu passado de retirante sertanejo o levou a querer empreendê-la. “Estou falando de mais de 200 anos. Não quis fazer porque sou engenheiro, mas porque, aos sete anos de idade, eu levava balde de água na cabeça para enfrentar a seca”, rememorou, arrancando aplausos e gritos de “é o melhor presidente do mundo” dos operários presentes.



Com esse clima, Lula disse ainda que obras como esta serão responsáveis pela mudança econômica e social do Nordeste. Para o presidente, o investimento em qualificação profissional será o ponto que consolidará essa transformação. “O Nordeste não tem que produzir apenas pedreiros ou ajudantes de pedreiros, mas também engenheiros e técnicos. Queremos ser mais. Por isso, investimos em qualificação, em capacitação... Não posso ver o povo pobre morrendo aqui”, enfatizou o petista, indo ainda mais longe. “Se a gente não cuidar, o principal animal em extinção é o ser humano. Volto com o coração mais alegre porque vi essa obra andar”, assegurou Lula. A comitiva presidencial encerra sua vistoria das obras, amanhã, em Salgueiro.


GILBERTO PRAZERES
enviado especial(FOLHA DE PERNAMBUCO)

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