sexta-feira, 20 de março de 2009

Pesquisa revela deficiências dos conselhos tutelares

A mais nova pesquisa retratando a situação dos conselhos tutelares de Pernambuco, principais órgãos de garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes criados há 18 anos, foi lançada ontem. O trabalho de levantamento de dados durou cinco meses e traça um perfil da estrutura de atendimento e dos próprios conselheiros. O documento será transformado em livro, a ser lançado no mês que vem. Entre as principais deficiências encontradas em todo o estado está a falta de material, como telefones e veículos. Entre os avanços, uma surpresa: 14% dos conselheiros têm formação superior completa.

O estado tem um total de 202 conselhos tutelares, já que municípios com mais de 200 mil habitantes podem ter mais de um órgão. Desse total, 74% devolveram os questionários para os pesquisadores da Accesso, empresa contratada pelo Conselho Estadual da Criança e do Adolescente para fazer o levantamento. Entre as respostas, chamou a atenção o fato de 1% deles aindanão ter sede para as reuniões. Enquanto isso, 72% têm sede alugada, o que significa gasto de dinheiro público com aluguel, apenas 7% têm sede própria e 21% têm sede cedida.

Pelo menos 14% dos conselheiros têm formação superior

Não só a situação das sedes preocupa. Chamou a atenção também a falta de material para viabilizar o trabalho dos conselheiros. Ao todo, 20% dos conselhos não têm telefone, fax ou celular. Além disso, apenas 45% têm acesso à internet. Outros 61% não têm sequer veículos para atender aos chamados.

Numa unidade do Conselho em Olinda, dos três computadores, somente um funciona. Mas a impressora que serve ao equipamento está quebrada. Assim, não são impressos notificações, ofícios e outros documentos importantes para o trabalho do órgão. Também não há vigilante no local. Na próxima semana, conselheiros do município têm uma reunião com a secretária de Desenvolvimento Social, Cidadania e Diretos Humanos de Olinda, Ceça Costa, para apresentar as necessidades das sedes.

Escolaridade - Apesar de 84% dos conselheiros receberem apenas um salário mínimo e 3% receberem até menos de um salário mínimo, a escolaridade dos funcionários surpreendeu. "Ao todo, 19% deles estão a caminho de concluir o ensino superior e 60% têm ensino médio completo. Isso significa que temos boas condições para trabalhar na construção de políticas públicas", ressaltou Rosa Barros, presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente (Cedca).

A pesquisa também abordou a situação dos conselhos de direito, que têm a função de propor políticas públicas para a infância e adolescência e que somam 184 em todo estado. Em 14% dos casos, eles não têm sede e em 48% dos pesquisados falta uma mesa de reunião. O mais preocupante é que 76% dos conselhos de direito têm fundo municipal da criança e do adolescente instalado, mas 42% dos municípios não receberam recurso para investir na área em todo o ano passado.

Com o dinheiro do fundo, é possível fazer ações educativas, por exemplo", disse a economista Cláudia Lira. Em 2008, os conselhos de direito que mais aplicaram valores estão no Recife, um total de R$ 2,7 milhões. Enquanto isso, Itamaracá nada investiu. A boa notícia é que 39% dos conselheiros de direito, que nesse caso são voluntários, têm curso superior completo.

Conselhos Tutelares do estado

72% têm sedes alugadas

7% têm sede própria

21% têm sede cedida

1% não tem sede

76% têm telefone

24% não têm telefone

55% têm acesso à internet

12% não têm computador

61% não têm veículo

60% têm ensino médio completo

19% têm ensino superior incompleto

14% têm ensino superior completo

84% dos conselheiros recebem um salário mínimo

3% recebem menos de um salário mínimo

2% recebem entre 3 e 5 salários mínimos

Conselhos de Direito de Pernambuco

14% não têm sede

23% não têm telefone

46% não têm acesso à internet

48% não têm mesa de reunião

35% dos conselheiros têm ensino médio completo

10% têm ensino superior incompleto

39% têm ensino superior completo

Fonte: Accesso Economia e Soluções Sociais
Marcionila Teixeira // Diario

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