quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Filha e neto recordam o retorno de Arraes
Filha do ex-governador Miguel Arraes e mãe do governador Eduardo Campos (PSB), a deputada federal Ana Arraes (PSB) relembrou, ontem, o dia em que seu pai retornou ao Recife, após 14 anos de exílio na Argélia. Em 16 de setembro de 1979, Arraes desembarcou no aeroclube e, à noite, participou do histórico comício no pátio de Santo Amaro. “Apesar de exilado, ele serviu a outros povos oprimidos da África, teve uma presença política como liderança mundial no sentido da democracia. Em 1976, fomos visitar meu pai, eu, meus filhos, e minha avó materna. Eu fui como líder, com dois filhos miúdos e minha avó idosa. Não podia me descontrolar. Ao me despedir dele na volta (ao Brasil), senti uma tristeza muito grande, como se nunca mais fosse vê-lo novamente”, lembrou a parlamentar.
O retorno do “mito” também foi destacado por Ana, durante a entrevista à Rádio Folha FM 96,7. “Depois de assinada a anistia, ele voltou e foi uma grande alegria. Família, amigos, lideranças da resistência. Todos o esperavam na nossa antiga casa (no bairro) da Torre, querendo ajudar. O presidente Lula (PT), que na época era líder sindical, almoçou em nossa casa nesse dia. Meu pai entrou caminhando com o povo. Ele denunciava que a democracia estava sendo restaurada, mas que o País estava pior do que quando ele o deixou, e que era preciso lutar”, rememorou.
Neto de Miguel Arraes, Eduardo Campos ressaltou que o 16 de setembro deve ser encarado como um “momento de ensinamento”. “Essa data é simbólica para nós. O dia de hoje (ontem) é de muitas recordações, de fatos que marcaram a nossa memória e a nossa forma de ver o mundo. Sobretudo, nos dá a capacidade de ver isso sem guardar desses momentos outro ensinamento que não seja valorizar a democracia, o respeito aos direitos humanos, a valorização do País e o amor à nossa gente”, avaliou o socialista.
“O que eu acho bonito em todos que viveram aquele momento duro, de ter familiares exilados, presos, torturados, é que essas pessoas não guardaram ressentimento nem rancor. Nós fomos educados assim, para não ter rancor dentro do peito, nem ressentimento. Olhar isso como uma oportunidade de aprendizado para todos. Para que nunca mais se repita isso e que a gente possa construir uma convivência cordial numa democracia que avança dia após dia”, destacou Eduardo Campos.
ARTHUR CUNHA e
BEATRIZ GÁLVEZ (folha de pernambuco)
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