Depois de oito dias monitorados pela Corregedoria Regional da Superintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Pernambuco, dois agentes da PRF foram presos em flagrante na madrugada de ontem sob acusação de extorquir motoristas que trafegavam com documentação irregular pela rodovia BR-101- Norte, em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. Os policiais rodoviários federais Carlos Henrique da Silva Gomes, 40 anos, e Sérgio Pereira de Arruda, 45, que trabalhavam no Posto Rodoviário Federal de Igarassu, foram autuados na sede da Polícia Federal, órgão responsável por apurar crimes cometidos por funcionários públicos federais. Carlos Henrique e Sérgio Arruda estavam na instituição há mais de 15 anos e recebiam cada um salário em torno de R$ 10 mil mensais.
Denúncia foi feita por um caminhoneiro, que teria pago R$ 100 para ser liberado mesmo com documentação vencida Foto: Edilson Segundo / DP / D.A Press
Agora, os dois agentes vão responder por crime de concussão, quando uma pessoa se aproveita da sua função pública para tirar vantagens ilícitas, cuja pena corresponde de dois a oito anos de reclusão, prisão em regime fechado. Eles foram foram denunciados na semana passada por um caminhoneiro, que declarou ter pago R$ 100 após ser extorquido pela dupla por andar com a documentação do veículo vencida. O homem, que registrou a denúncia contra os dois policiais na sede da superintendência da PRF, disse que pagou a propina e, mesmo assim, ainda foi multado pelos dois policiais rodoviários federais. Os investigadores da corregedoria regional da PRF passaram uma semana acompanhando a rotina dos dois policiais até conseguirem gravar com uma filmadora imagens dos dois agentes tentando extorquir outros motoristas na madrugada de ontem. As imagens não foram divulgadas pela PRF.
Segundo o assessor de imprensa da PRF, Eder Rommel, os dois agentes federais autuados já tiveram as armas apreendidas e perderam o direito do uso da farda e da identidade funcional. "Eles foram afastados da função automaticamente, mas continuam recebendo os vencimentos até a conclusão da investigação pela corregedoria regional", explicou. Além do processo criminal, Carlos Henrique da SilvaGomes e Sérgio Arruda vão passar por uma sindicância administrativa na PRF. "Somente após o fim do processo é que eles serão exonerados, caso sejam comprovadas as denúncias, e assim, serão demitidos do serviço público federal por justa causa", esclareceu Rommel.
Cotel - O assessor de imprensa lamentou a postura dos colegas de farda e disse que fatos como esse só mancham a reputação da corporação. "É muito triste para todos nós, que conquistamos a confiança da população e trabalhamos para preservar a integridade e o bem da nação", ressaltou. Carlos Henrique e Sérgio Arruda foram submetidos a exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal e levados depois para o Centro de Observação e Triagem Criminológica Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima. Segundo Eder Rommel, os dois agentes ficarão presos até uma segunda decisão da Justiça. "Eles podem vir a responder em liberdade, pois o crime é afiançável apenas pela Justiça. Se for concedido alvará de soltura, ficarão em liberdade", disse.
Qualquer cidadão que tenha sido prejudicado por um policial rodoviário federal pode denunciá-lo. A pessoa precisa formalizar a denúncia relatando a ocorrência com detalhes e, de preferência, se identificando. A corregedoria garante o sigilo da identidade do denunciante.
Serviço
Denúncias: Corregedoria da PRF
Endereço: Avenida Antônio de Góis, 820, Pina
Informações: 32010707
DP
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