quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Leite materno em falta nas unidades de saúde do Recife


"O sangue salva vidas, o leite materno também". É usando justamente essa mesma frase que os profissionais que trabalham nos bancos de leite das unidades de saúde do Recife tentam chamar a atenção para um problema crônico: a falta de leite materno para atender à demanda.

O Banco de Leite do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), nos Coelhos, área central do Recife, atende menos da metade das solicitações que chega ao setor. Em média, são necessários dez litros de leite humano por dia para dar aos cerca de 110 recém-nascidos dos berçários e UTIs pediátricas da unidade de saúde. A quantidade de leite coletada por dia não chega aos cinco litros.

"Nossa situação é muito difícil. Em alguns dias, não conseguimos fornecer nenhum mililitro de leite. Simplesmente não temos", afirma Sandra Hipólito, gerente de enfermagem do Banco de Leite. Quando isso acontece, os recém-nascidos precisam tomar leite artificial, o que é perigoso, explica Sandra Hipólito. "É um risco principalmente para os bebês prematuros, já que nenhum tipo de leite artificial foi feito para eles", alerta.

Dificuldade semelhante tem sido enfrentada pelo Banco de Leite do Hospital das Clínicas, na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife. Há quatro meses, a quantidade de leite humano que chega à unidade tem diminuído. Em maio deste ano, foram coletados cerca de 20 litros de leite. Em agosto, foram 40% menos: 12 litros.

A coordenadora do Banco de Leite do HC, Fátima Mendonça, revela que há um mês o leite humano doado às mães tem sido tirado do estoque reserva. "Por dia, recebemos o pedido de dois litros de leite materno, mas não conseguimos atender à demanda. E, para não deixar de fornecer leite, fazemos uma espécie de triagem, priorizando os bebês prematuros e os casos mais graves", relata a enfermeira.

Em todo o Estado, existem 11 bancos de leite em unidades de saúde da rede pública, privada e fundações. Em comum, um desafio: sensibilizar as mães a doarem o leite que sobra. "Muitas delas não sabem da importância de doar e acabam jogando fora o leite que o filho não consome", critica Andrea Zacchê, coordenadora do Programa Estadual de Aleitamento Materno. Para doar, basta procurar qualquer banco de leite.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o leite materno seja o único alimento dado às crianças até os 6 meses de vida. Segundo os médicos, isso protege o bebê da maioria das doenças.

RECIPIENTES - Outra dificuldade que tem sido enfrentada pelos bancos de leite do Estado é a falta de recipientes para armazenar o leite. Em geral, são usados potes de vidro de café solúvel ou de maionese com tampa plástica.

"Essas embalagens são ideiais porque suportam altas temperaturas durante os processos de esterilização dos potes e pasteurização do leite. Além disso, foram testados pela Rede Nacional de Bancos de Leite Humano e não liberam toxinas", detalha Sandra Hipólito, gerente de enfermagem do Banco de Leite do Imip. Ela faz um apelo para que a população procure os bancos de leite das unidades de saúde do Estado para doar esse tipo de recipiente.

BANCOS DE LEITE - PERNAMBUCO

» RECIFE
- Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), Encruzilhada
- Hospital Agamenon Magalhães, Tamarineira
- Hospital de Ávila, Madalena
- Hospital Barão de Lucena, Iputinga
- Hospital das Clínicas, Cidade Universitária
- Hospital Esperança, Ilha do Leite
- Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), Coelhos
- Maternidade Professor Bandeira Filho, Afogados

» CARUARU
- Hospital Jesus de Nazareno

» ARCOVERDE
- Hospital Ruy de Barros Correia

» PETROLINA
- Hospital Dom Malan

Fabiana Maranhão
Especial para o JC Online

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