quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Tecnologia para largar o vício


Imagine fumar sem acarretar nenhum prejuízo à saúde. Ou tragar sem impregnar o ar com a fumaça incômoda.
Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A/Press
Pense, por um segundo, como seria interessante se os cientistas desenvolvessem uma espécie de cigarro eletrônico, que fornecesse as mesmas sensações de um normal, com o mínimo de contra-indicações. Parece coisa de filme de ficção, não é? Um produto digno dos livros de Aldous Huxley. Pois esse cigarro futurista não só já foi criado, como está sendo vendido (ilegalmente) no Brasil - ainda sem o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Desenvolvido na China, o e-cigarette, como é chamado, promete ser a mais nova arma para as pessoas que querem parar de fumar. O tratamento funciona semelhante aos adesivos e chicletes de nicotina, entregando a substância ao fumante aos poucos. A principal diferença, contudo, é a simulação do ato de fumar, além de não poluir o ambiente, ou seja, você poderá fumar até em ambientes fechados. Ele emite até fumaça, mas de vapor.

"A ideia é usar a tecnologia em favor da luta contra o fumo. Enquanto os cigarros normais têm mais de quatro mil substâncias tóxicas, como o alcatrão, o e-cigarette só tem pasta de nicotina e não trabalha com a combustão", explica Raphael Donato, proprietário da Cigarro do Futuro - loja que comercializa o produto pela internet. Ele explica que conheceu o produto no fim de 2007, e resolveu importá-lo para o Brasil em meados do ano passado.

Luciano Barichello, diretor da SafeSmoke, empresa que também importa o produto no país, acrescenta que o cigarro eletrônico pode ser usado para dois fins: terapia antitabagismo ou substituto do cigarro normal. "Como tratamento, o e-cigarette atua na reposição de nicotina com redução gradual. Os fumantes podem escolher um cigarro com teor de nicotina alto, médio, baixo e zero, ou podem passar de um grau para o outro de maneira progressiva. Já como um substituto ao cigarro convencional, ele permite o uso em locais onde não é permitidofumar, como restaurantes e boates".

O processo parece complicado, mas não tem mistério: a piteira do cigarro contém cartuchos de nicotina líquida ou em pasta. Ao tragar, o ar flui através do dispositivo, que é detectado por um microprocessador. Neste ponto, encontra-se ativo um atomizador que injeta microgotículas de nicotina para o escoamento do ar. Essas gotículas produzem uma névoa de vapor, que é tragada pelo usuário. Essa névoa também assemelha-se à fumaça convencional.

O microprocessador também ativa uma pequena lâmpada de cor laranja, instalada na ponta, para simular o cigarro aceso e a temperatura do fumo do cigarro comum. E, para acender, basta tragar. Nunca mais você vai se preocupar com fósforos ou isqueiros. As unidades utilizam baterias recarregáveis como fonte de energia que é o suficiente para aquecer a nicotina do refil.

A estudante de 19 anos Rachel Bourbon, que fuma há quatro, aceitou testar o e-cigarette e aprovou o produto. "No começo é muito estranho. O gosto é semelhante aos cigarros mentolados. Doce e forte. Mas, aos poucos, você vai se acostumando. O fato de estar mantendo o hábito, a rotina, ajuda muito, porque você vai parando de fumar#fumando". Ela ressaltou, porém, que os cigarros eletrônicos vêm com poucas explicações de uso, o que dificulta a montagem e o entendimento do processo. "Fiquei um pouco perdida no começo e tive que trocar o filtro para conseguir tragar direito. Fora que não fica claro os componentes químicos que a gente está ingerindo".


Fonte:DIARIO DE PERNANBUCO

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