MEDITANDO NUMA QUARTA-FEIRA DE CINZAS
“ É de fazer chorar
Quando o dia amanhece
Que eu vejo
O frevo acabar
Oh Quarta Feira ingrata
Chega tão depressa
Só pra contrariar ”
Sim, é de fazer chorar…
É hora de dizer até logo e esquecer a lavagem cerebral a qual somos submetidos. Precisamos voltar para casa, para o trabalho. É o momento de juntarmos o que sobrou e jogarmos fora o que acumulamos e que enche de peso a nossa consciência, causando-nos uma enorme ressaca moral. São aqueles pecados que temos ou que adotamos nos dias de folia e que nos impedem de olhar fixamente no espelho.
É hora de contar os que nunca mais voltarão a ver um carnaval e ficarmos de braços cruzados sabendo o porquê de tantas mortes, silenciando ou simplesmente lamentando dizendo: é assim mesmo! É hora de pedir perdão por tudo e de fato começar 2009.
É, talvez, a hora de analisarmos a “conduta” do deus ÁLCOOL e ver que os que os reverenciam nem sempre têm gestos de amor em troca da adoração e obediência. Os seus altares suntuosos quase sempre são miragens nos desertos das almas sedentas de ilusão. São ofertas do Fruto Proibido que muitos comem e caem dos seus paraísos.
Talvez seja a hora de pensar e se perguntar o que a vitória de tal escola de samba vai trazer de concreto para o povo sofrido do nosso país. Por que meu bloco não venceu? E se tivesse vencido, além do troféu na sede, o que mudaria?
A Quarta-Feira de Cinzas é ingrata justamente por isso: ela nos obriga a pensar, ela nos joga no mundo real, onde máscaras e adereços não existem e se existissem, não seriam capazes de esconder a nossa alma e mascarar os nossos problemas e situações de vida.
Sim, é de fazer chorar… quando percebermos que a mordida do Leão 2009 já chegou. Que a crise mundial não parou para ver o desfile na Marquês de Sapucaí nem para ver o Galo, imponente, passar. Tudo vai estar igual e, talvez, pior do que antes.
Agora é dos poderosos voltarem a por em prática as coisas que planejaram. E é aqui que mora o perigo. Sempre fomos e agora estaremos mais anestesiados e com o nosso pobre senso crítico inerte, obsoleto, impotente diante das coisas. Voltaremos aos carnavais da vida e as Segundas, Terças e Quartas-Feiras, serão iguais. Sempre haverá pão e circo para não enxergarmos o óbvio. A não ser que todos os dias sejam como Quartas-Feiras Ingratas e paremos para pensar e tomemos decisões para mudarmos a realidade partindo de nós mesmos.
Pensamentos meio doidos esses… mas são pensamentos e são meus… mas poderiam ser nossos.
POSTADO POR JORGE RODRIGUES
Nenhum comentário:
Postar um comentário