sábado, 7 de fevereiro de 2009

Morte na Inferno DROGAS // Integrante da torcida mata companheiro com tiro à queima roupa: mais um trágico triste capítulo da violência nas organizada

Os tricolores José Francisco dos Santos Filho, 21 anos, e Fábio Coutinho da Silva, 22, se conheciam desde criança. Eles não eram o que se pode chamar de amigos, mas estavam do mesmo lado: faziam parte da torcida organizada Inferno Coral. O problema é que numa mesma torcida fazem parte integrantes de diversas facções de "galeras" do Recife. Entre elas, inúmeras rivais. E foi por esse motivo que José Francisco e Fábio tornaram-se personagens ontem de uma tragédia em plena sede da Inferno, a 500 metros do Estádio do Arruda. Chateado com José Francisco, da galera de Campina do Barreto, Fábio atirou à queima-roupa no peito do companheiro de torcida, que morreu pouco depois de dar entrada na policlínica do bairro. O crime foi mais um capítulo de violência no estado protagonizado por torcedores organizados.

"Ele era muito folgado. Queria que todo mundo fumasse maconha dentro da sede. Não concordo com isso, por isso atirei. Agora quero ver quem vai mais desrespeitar uma ordem da gente", ameaçou Fábio Coutinho, detido por policiais militares minutos depois do crime. Ele foi preso em flagrante, após jogar um revólver calibre 38 nas águas do Canal do Arruda. O suspeito prestou depoimento na Delegacia de Água Fria e foi encaminhado ao Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel). Fábio já havia sido preso por porte ilegal de arma, há cinco anos, e agora deve ser indiciado por homicídio doloso (com intenção de matar).

De acordo com o pai da vítima, José Francisco dos Santos, 54, o filho era um bom menino. Mas insistia em participar da Inferno Coral, o que já foi motivo de muitas de suas noites mal-dormidas. "Toda a família dizia que participar da torcida era perigoso. Mas ele já tinha 21 anos, era casado e pai de duas filhas. O que a gente podia fazer? Falta de conselho não foi", desabafou. O comerciante estava certo. Um vizinho que mora próximo à sede da torcida e pediu para não ser identificado contou ao Diario que não éraro encontrar jovens brigando e se drogando. Muitos menores de idade. "Eu mesmo já ouvi barulho de tiro vindo de lá, principalmente no dia dos jogos. Chamo a polícia mas os agentes não podem entrar porque não têm mandado de segurança para entrar na casa", afirmou.

Perfil - Segundo uma pesquisa inédita sobre o perfil do torcedor organizado em Pernambuco, publicada ontem pelo Diario, a média de idade dos integrantes das organizadas é de 16 anos. Trinta por cento deles consome regularmente drogas lícitas como álcool e cigarro. Pouco mais de 25% dos entrevistados admitiu usar solventes (80%), cola (60%) e maconha (45%) antes dos jogos. Quase 60% deles se envolveu em agressões físicas durante o período de três meses. Setenta e cinco por cento xinga ou provoca alguém com insultos regularmente e 65% passa por conflitos familiares violentos. "Esses jovens apenas refletem a falta de perspectivas para o adolescente no estado. O vazio que se encontram na sociedade está ligado ao caminho das drogas", avaliou o professor Ricardo Guerra, da Universidade de Pernambuco (UPE), responsável pelo estudo.

Fonte:DIARIO DE PERNAMBUCO

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