domingo, 8 de fevereiro de 2009

Um dia de homenagens a Dom Helder



moradora de rua Elizabete Gomes, 46, o professor João Muscat e a auxiliar de cirurgia Silvania Farias, 40, faziam parte da multidão de fiéis que esteve neste sábado à tarde no largo da Igreja das Fronteiras, na Boa Vista, para homenagear o arcebispo emérito de Olinda e Recife, dom Helder Camara. Se estivesse vivo, o religioso, que morreu aos 90 anos, teria completado 100 anos de existência. A missa que marcou o centenário do sacerdote foi conduzida pelo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Lyrio Rocha. O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, e mais de 80 bispos e padres de várias cidades do Brasil, a maioria do Nordeste, participaram da celebração.

“Moro na rua há oito anos. Quase ninguém ajuda os pobres. Dom Helder era um deles”, afirmou Elizabete, que carregou um cartaz em que havia escrito O Dom do Amor. Ela recebe diariamente a sopa distribuída pela irmã Catarina Damasceno, ao lado da Igreja das Fronteiras. O professor João mora há 40 anos no Brasil, mas nasceu em Malta, um pequeno país europeu. “Acompanhei o trabalho de dom Helder. Ele possuía um senso de justiça que poucos homens têm”, destacou. Para Silvania, que integrou a Pastoral da Juventude Popular, criada pelo arcebispo emérito, fica o amor pelos pobres. “Sou apaixonada por dom Helder. Era um pastor, um profeta”, afirmou.

Antes da missa começar, dom José Cardoso destacou a necessidade de dar continuidade ao importante trabalho realizado pelo aniversariante. No sermão, dom Geraldo Lyrio fez uma breve biografia de dom Helder. Durante alguns momentos, recebeu aplausos dos fiéis: quando falou da fundação da CNBB, quando citou o nome de dom José Lamartine, auxiliar de dom Helder na arquidiocese e quando relembrou o assassinato do padre Antônio Henrique Neto, ocorrido em maio de 1969.

Faixas homenageando dom Helder, com palavras de agradecimento, foram colocadas no muro da Casa Provincial Nossa Senhora das Graças, vizinha à capela. O grupo Mulheres contra o Desemprego, que se inspira no ideal do sacerdote, levou um boneco gigante com a figura dele. Ao final da cerimônia, o Coral Fé e Alegria, da Unicap, cantou a música Como é grande o meu amor por você, de Roberto Carlos. O governador Eduardo Campos, o prefeito João da Costa e o ex-prefeito João Paulo participaram da missa.

Mais cedo, antes da celebração, houve o lançamento do selo dos Correios em homenagem ao arcebispo e a inauguração dos aposentos dele, reformados, que vão se transformar em um memorial.

Dom Helder nasceu em Fortaleza, em um domingo de Carnaval, festa da qual gostava bastante. Por isso, para marcar o seu aniversário de 100 anos, o Bloco da Saudade repetiu o que fez durante os anos em que ele viveu. Apresentou-se em frente à Igreja, alegrando a celebração que terminou em ritmo de Carnaval. Do JC

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