terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A ordem é mostrar ataques de Jarbas como "desabafo"


Brasília - Silêncio e a divulgação de uma nota onde considerou mero "desabafo" as acusações feitas pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Essa foi a receita da cúpula do PMDB, acusada de corrupta e fisiológica pelo parlamentar pernambucano, para abafar a crise dentro do partido. Principais alvos de Jarbas, o presidente do Senado, José Sarney (AP), e o líder do PMDB na Casa, senador Renan Calheiros (AP), avisaram logo cedo que não comentariam o assunto.

A única manifestação veio da Executiva Nacional do PMDB, em nota de apenas seis linhas. Nela, o partido declara que "não dará maior atenção" às declarações de Jarbas em razão do que chamou de "generalidade das alegações". Na Câmara, apesar da revolta de alguns deputados com as declarações de Jarbas de que a maioria do PMDB "quer mesmo é corrupção", o presidente nacional do partido e também presidente da Câmara, Michel Temer (SP), decidiu abafar o assunto para evitar mais desgaste político para o partido.

Em nota de apenas oito linhas e, mais tarde, em entrevista, Temer disse que as alegações do senador são genéricas e que o partido não dará maior atenção. "Repudiamos a afirmação de que o PMDB é corrupto", afirmou o presidente do partido. Temer, porém, disse que não haverá punição para Jarbas e que só examinará a hipótese se houver representação contra o senador. "Nós não queremos dar relevo a algo que não tem especificidade", disse Temer.

A primeira reação do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN) e do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ligados ao grupo de Temer, foi sugerir que o senador deixasse o PMDB. Ontem, porém, os dois parlamentares entraram na operação de não dar mais fôlego à discussão. A expectativa era de que o caso esfriaria nesta semana que antecede o carnaval.

Histórico - Não é de hoje que Jarbas tem assumido uma posição dissidente dentro do partido. Desde que chegou ao Senado, em 2007, ele tem ocupado a tribuna para criticar o governo e o comportamento fisiológico assumido pelo PMDB. A relação de Jarbas com a cúpula do partido,no entanto, se desgastou mais fortemente com a eleição de Sarney para o comando do Senado e de Renan para a liderança do partido, ambas no início do mês.

Ao decidir ignorar Jarbas, reforçando ainda mais seu isolamento dentro do partido, a cúpula do PMDB deu sinal verde aos parlamentares de menor expressão, o chamado baixo clero, para que rebatessem as críticas. Ao mesmo tempo, mandou ordens para que o tema corrupção fosse tratado como algo latente a todos os partidos, tirando, assim, o foco do PMDB. A tímida nota do partido, inclusive, faz essa ressalva.

Saiba mais

Nota da executiva nacional do PMDB:

"Em face da entrevista do senador Jarbas Vasconcelos, a Comissão Executiva Nacional do PMDB declara que não dará maior atenção a ela em razão da generalidade das alegações. Não aponta nenhum fato concreto que fundamente suas declarações. Ademais, lança a pecha de corrupção a todo sistema partidário quando diz "a corrupção está impregnada em todos os partidos". Trata-se de um desabafo ao qual a Executiva Nacional do Partido não dará maior relevo".
Fonte:DIARIO DE PERNAMBUCO

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