quarta-feira, 17 de março de 2010

Ciro Gomes irrita até Eduardo


Presidente nacional do PSB, o governador Eduardo Campos criticou, ontem, o pré-candidato socialista à Presidência da República, Ciro Gomes, que chamou de “desastre” o PT de São Paulo, garantindo que não disputará o governo paulista como queriam o presidente Lula e setores das duas legendas. Campos achou exagerada a atitude de Ciro, argumentando que os petistas de São Paulo são aliados. “Acho que é um erro político tratar dessa forma um partido que é aliado nosso”, sentenciou o governador, durante audiência pública sobre a Adutora do Agreste, em Caruaru.


Até o início da noite, Eduardo ainda não havia falado com Ciro sobre as declarações polêmicas. A conversa deve acontecer hoje à noite, em Brasília, depois que o governador participar de reuniões na Câmara e no Senado sobre a divisão dos royalties do pré-sal. Fontes ligadas ao socialista, revelaram que ele ficou extremamente irritado com a postura de Ciro, e que, na condição de presidente nacional do PSB, dará uma enquadrada no cearense. Durante todo o dia, Campos teria recebido ligações de lideranças petistas e socialistas reclamando do parlamentar.



“Até os amigos dele dentro do partido estão p... O Márcio França (deputado federal e presidente do PSB em São Paulo), o (Roberto) Amaral (vice-presidente nacional)... Todo mundo trabalhou em prol do Ciro. O presidente Lula estava sendo sensibilizado sobre a importância de duas candidaturas (à Presidência)... Aí o cara faz isso”, desabafou um socialista. Questionado se Eduardo atuaria como “bombeiro” para apagar o “incêndio” causado por Ciro, o socialista mandou o deputado se resolver sozinho, dizendo que Campos não é “babá de ninguém”.



Outro governista ressaltou que “Ciro não precisava ser candidato em São Paulo se não quisesse”. “Ninguém o obrigou a nada, ele próprio não se ajuda. Não se abre portas sendo grosseiro. Ele não poderia sair falando do PT desse jeito”, criticou. O governista lembrou a última visita que Ciro fez a Eduardo, em fevereiro, quando o pré-candidato afirmou que o PT faz o PCdoB de “gato e sapato”. Aborrecido, Eduardo teria feito Ciro pedir desculpas ao prefeito de Olinda, Renildo Calheiros, que é do PCdoB, naquela noite, durante a abertura do Carnaval do município.



FRANÇA



Em São Paulo, o deputado Márcio França reconheceu que as declarações do correligionário foram graves. “A declaração foi infeliz para alguém que postula um cargo nas eleições. Já deixamos clara nossa posição ao PT, há duas semanas. Caso Ciro seja candidato, o PT e o PSB estarão juntos. Se for um outro candidato, estaremos em campanhas diferentes”, explicou.


ARTHUR CUNHA e DIEGO MENDES(FOLHA DE PERNAMBUCO)

Um comentário:

Albino disse...

Na verdade, Ciro com sua fala dura, é o tempero que falta para o insonso processo eleitoral que teremos caso a polarização entre Dilma e Serra- ambos sem sal- prevaleça.Precisamos de uma eleição que empolgue a população para que o povo tome gosto pela democracia. Lamentavelmente, a grande mídia e o presidente Lula, vêm provocando esta polarização entre o candidato do governo passado o candidato do governo atual.
Estamos perdendo a oportunidade do debate. A eleição em dois turnos foi idealizada para que pluralidade brasileira possa se manifestar-através de propostas antagônicas-no período eleitoral, especialmente, no primeiro turno. No entanto, os caciques políticos,a grande mídia e o grande capital, continuam valorizando mais os acordos de bastidores do que o debate com a população. Por isso, acredito que o governador Eduardo Campos- neto de Arraes- irá agir pensando no futuro do país não de acordo com a sua conveniência eleitoral em Pernambuco.