quinta-feira, 25 de março de 2010

Promotoria prevê interrogatório sem novidade e defesa teme censura


Os interrogatórios de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, marcados para esta quinta-feira (25) e a possibilidade de acareação deles com Ana Carolina Oliveira, mãe da menina Isabella Nardoni, morta em 2008, devem tornar esse quarto dia do julgamento o de maior confronto emocional entre a defesa e a acusação.



O advogado do casal, Roberto Podval, questiona desde a véspera a possibilidade de ser cerceado quanto às perguntas que poderá fazer ao trio, caso haja acareação.


"Tenho certeza de que na acareação poderei ser um pouco cerceado. Talvez alguns pontos que queira tocar não me permitam", afirmou.



Para o promotor Francisco Cembranelli, que reafirma a fragilidade física e emocional de Ana Oliveira, mantida desde segunda-feira dentro do fórum, "a defesa parece tentar no desespero um fato novo, uma questão que possa ser levada em consideração pelo júri."

Para Cembranelli, os depoimentos dos réus não deverão trazer nenhum fato novo: "Não acredito que vá mudar muito o que já aconteceu em juízo. A verdade é que eles vão muito provavelmente repetir o que contaram, agora melhor orientados pelos advogados", afirmou.


Testemunhas
Podval, que ouviu apenas duas das 20 testemunhas que havia arrolado voltou a dizer que está preocupado em agilizar o fim do julgamento. "Dispensei as testemunhas porque como vinha dizendo, a demora no julgamento atrapalha a defesa, que é a última a ser ouvida. Como falo por último achei por bem encurtar os depoimentos." Ele justificou a dispensa do pedreiro Gabriel Santos Neto, considerado até a véspera uma das principais participações no julgamento.



"Nunca coloquei o pedreiro como imprescindível, não é verdade. Eu tenho grandes dúvidas em relação ao pedreiro. Eu ouvi o jornalista afirmando o que o pedreiro tinha dito. Depois o pedreiro foi à delegacia e se desmentiu. Aí o pedreiro apareceu não sei de onde, não sei como e não sei com quem", afirmou.



Para o promotor, a estratégia da defesa se revelou falha: "A defesa entrou no julgamento com 20 testemunhas arroladas. Quando começamos hoje (quarta) à tarde tinha cinco testemunhas, das quais duas foram ouvidas.



Para quem ameaçou durante todo o tempo desqualificar um trabalho sério por mais de 30 profissionais, não abalou. Teremos agora a exposição da prova testemunhal e na ocasião da minha fala o jurado terá condições de visualizar de maneira panorâmica tudo aquilo."

Provas técnicas

A dispensa das testemunhas de defesa nesta quarta-feira (24), empurrou o julgamento do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados pela morte da menina Isabella Nardoni, em março de 2008, para o debate sobre a robustez das provas técnicas produzidas pela perícia.


Ao deixar o fórum, o advogado Roberto Podval, que faz a defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá levantou dúvidas sobre o encaixe entre as provas e a dinâmica apurados pela perícia.

De acordo com ele, na maquete produzida pela promotoria com base nos laudos deveria haver uma mancha de sangue, que não foi reproduzida. O detalhe chamou a atenção da defesa, que tenta provar descompasso entre a maquete, os laudos e a dinâmica do crime.

"A maquete foi feita de acordo com a perícia. Aí tem uma mancha de sangue que teria sido de alguém na porta do quarto da menina que não está na maquete", disse Podval. Segundo o advogado a perita explicou que a mancha não existe aqui na maquete porque o artefato é de acrílico e iria estragar.

Podval também questionou onde a mancha de sangue entra na dinâmica do crime. "Ela (perita) diz que dentro dessa dinâmica essa mancha está excluída. Se a dinâmica não se encaixa, não é a prova que tem de ser tirada, é a dinâmica."

Para o promotor Francisco Cembranelli, 'a defesa entrou no julgamento dizendo que ia descontituir toda a prova policial que foi feita, mas aconteceu justamente o contrário. Aquela prova que já era forte foi confirmada pelos peritos, principalmente com a oitiva (depoimento) da doutora Rosangela Monteiro."

Podval também questinou o trabalho da advogada que tentou desconstituir as provas. "Eu sempre pedi para que não respondessem apesar de extramente ofendidos por tudo que foi feito, principalmente por uma perita contratada que a defesa até descartou rapidamente diante de apresentar um trabalho raquitico, extremamente fraco."


Roney Domingos
Do G1, em São Paulo

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