sábado, 17 de outubro de 2009

Médico de Alencar diz que ''arriscou'' cirurgia do vice após especialista dos EUA recusar desafio


Aos 78 anos completados neste sábado (17), José Alencar é, antes de tudo, um forte. "Um lutador", como define o oncologista Ademar Lopes, responsável pela operação mais complicada do vice-presidente, na batalha contra o câncer desde 1997. Lopes contou ao R7 que só operou Alencar depois que o médico Paulo Sugarbaker, do Washington Cancer Hospital, nos EUA recusou o desafio. O vice-presidente chegou às mãos de Lopes indicado pelo médico, que, com medo do risco "muito alto de insucesso', mandou o filho de Alencar procurar Lopes na volta ao Brasil.

- Eu arrisquei, sem dúvida, mas o vice-presidente é um homem inteligente, lutador e sabe que não tinha outra alternativa. Existe um documento escrito, onde eu fiz um resumo da situação do problema e foi colocado os grandes riscos da cirurgias, também colocado pelo colega dos EUA. Ele [o vice] aceitou o procedimento, assinou o documento correndo os riscos até porque, como ele diz, não tinha outra alternativa.

Alencar passou 18 horas em cirurgia no dia 25 de janeiro, no Hospital Sírio-Libanês, para retirar 11 tumores do seu abdômen - um dos quais com 12 centímetros. Lopes contou com uma equipe de 10 pessoas, além da ajuda dos médicos Paulo Hoff [oncologista clínico] e Roberto Kalil Filho [cardiologista]. O urologista Antonio Marmo Lucon, do HC da USP também acompanhou a operação - Alencar poderia precisar de um transplante de rim, mas o órgão não foi contaminado. O vice só conta com o rim esquerdo.

- Realmente foi uma boa cirurgia. E a gente precisa explicar hoje por quê. Com a cirurgia de janeiro ele conviveu até agora, foi só recentemente que cresceu a doença e obstruiu [ o intestino] Se não tivesse feito a cirurgia naquela época imagino que dentro de 3 ou 4 semanas teria uma obstrução intestinal por um grande tumor, do intestino fino, grosso, da urina e talvez já não estivesse aí mais.

Esta foi a primeira das três cirurgias a que ele se submeteu este ano. Ao todo, Alencar já passou por 15 operações, nove só contra o câncer. O médico acredita que se a cirurgia não tivesse sido feita em janeiro, novas complicações surgiriam em menos de um mês.

A cirurgia retirou tumores na parte posterior do abdômen -o chamado retroperitônio- além de 15 cm a 20 cm de intestino delgado, cerca de 15 cm de intestino grosso e dois terços do ureter- canal que leva urina do rim à bexiga- e os vasos ilíacos internos esquerdos. O que era vísível foi eliminado. Depois, a cavidade abdominal foi "lavada" por uma hora e meia com uma solução de quimioterápicos a 42º C para eliminar tumores impossíveis de ver a olho nu.

- No caso do [vice] presidente tem sido um tumor agressivo, o sarcoma, porque apesar de você tirar todo o tumor que é visível aquelas células invisíveis estão crescendo. O que está trazendo problema é o sarcoma, que tem voltado com frequência.

Paulo Hoff também explicou ao R7 que a maior dificuldade de Alencar é enfrentar a doença descoberta há três anos.

- O que ele está vivendo agora, esta fase de novas cirurgias é decorrente do tumor diagnosticado em 2006.


Andréia Sadi, do R7

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