domingo, 14 de dezembro de 2008

Nordeste sofre com aquecimento

BRASÍLIA - O governo está em alerta com a situação climática do Nordeste. Estudos que chegaram à mesa do Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, nas últimas semanas, não são nada animadores. A principal preocupação é com a desertificação da Região. Uma análise da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mostra que em 2050 o aquecimento global será responsável por uma queda de 11,4% no Produto Interno Bruto (PIB) dos estados nordestinos.
As mudanças terão efeitos imediatos para a economia nordestina, atingindo especialmente os agricultores e como conseqüência provocando a migração de pessoas para outras regiões do País. As previsões levam em consideração dados do Painel do Clima das Nações Unidas (IPCC), que prevê um aumento de 4° C para a Região nos próximos 50 anos, o que dificultaria a sobrevida das plantações.
O Ceará será o mais atingindo, podendo perder quase 80% das terras agricultáveis. Por lá, a agricultura familiar reúne cerca de 300 mil produtores e representa algo em torno de 12,3% do PIB estadual. Entre os segmentos mais trabalhados estão leite, aves, ovinocaprinocultura, milho, mel, feijão, hortaliças e frutas. Os demais estados a sofrerem efeitos do aquecimento global são Piauí (-70,1%), Paraíba (-66,6%) e Pernambuco (-64,9%). No caso do PIB, os mais impactados serão Pernambuco (-18,6%), Paraíba (-17,7%), Piauí (-17,5%) e Ceará (-16,4%).
A pesquisa mostra que a situação ficará mais complicada para municípios cuja economia está baseada no setor primário. Petrolina (PE), grande produtor vinícola e de frutas tropicais, e Mossoró (RN), onde a fruticultura tropical irrigada também tem grande importância na economia, deverão estar entre os mais afetados.
Essas mudanças ambientais previstas para os nove estados serão responsáveis, segundo o estudo da Fiocruz, pela migração de 247 mil nordestinos entre 2035 e 2040, ou uma taxa líquida de -0,36%. A partir de 2045 até 2050, haverá nova migração, algo em torno de 236 mil pessoas da região (taxa líquida de -0,34%).
O processo migratório deve ser visto, indicam os pesquisadores, especialmente nas regiões metropolitanas de Recife, Teresina e João Pessoa. Apesar das previsões, os estudiosos não acreditam que haverá despovoamento dos estados, mas sim uma significativa diminuição da parcela populacional.


Márcio ViníciusAgência Nordeste

Nenhum comentário: