segunda-feira, 15 de agosto de 2011
'Garotas que leem nuas' viram atração em Nova York
Desfrutar os textos de Shakespeare, Oscar Wilde ou Henrik Ibsen lidos por belas mulheres nuas, ouvindo tudo com um copo na mão, num ambiente descontraído: esta é a proposta de "Naked girls reading" (Garotas que leem nuas), uma experiência incomum que está sacudindo Nova York, uma vez por mês.
Trinta pessoas - a maioria jovens casais e grupos de homens - aguardam num pequeno salão, com velhas cadeiras clássicas e lâmpadas de luz vermelha no primeiro andar de um bar de Greenwich Village, no centro de Manhattan.
Logo, quatro meninas de roupão e saltos altos sobem num pequeno estrado decorado com um grande divã, ao lado de um microfone. As pessoas aplaudem, entre elas um homem de meia-idade que, até o momento, lia tranquilamente o jornal, ao lado da companheira.
"Bem-vindos! Gostaria de começar apresentando-lhes nossas meninas nuas que lerão nesta noite", anuncia Nasty Canasta, uma jovem de cabeleira loura e silhueta fina, artista do gênero neoburlesco, que lidera a trupe.
Em seguida, Gal Friday, Sapphire Jones, Tansy e ela própria tiram os roupões e, como Deus as trouxe ao mundo, começam a ler passagens selecionadas sobre autores famosos e nem tanto, neste espetáculo de "literatura completamente frontal".
"The importance of being earnest", do escritor britânico Oscar Wilde, ou "Casa de bonecas", do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, são alguns livros escolhidos para esta vesperal dedicada ao teatro, durante a qual as quatro moças exibem um verdadeiro talento oratório.
A plateia ri dos diálogos picantes ou muito inteligentes, mas também acompanha em silêncio atento os momentos de emoção, por exemplo, quando Sapphire Jones dedica um texto de Shakespeare à avó, falecida há duas semanas.
"Gosto de narrar histórias e esta é a minha maneira. Sinto-me confortável nua", conta à AFP Nasty Canasta ao final das leituras, que duram quase duas horas, com um intervalo.
A seu lado, Gal Friday concorda e lembra que ficou "nervosa" a primeira vez que leu nua em público, mas que agora já nem se dá conta disso.
"Quando alguém vem aqui pela primeira vez diz: 'Oh, há uma garota nua!' Mas depois, quando começamos a ler, os olhares sobem", comenta Friday com uma risada. Ela, como as outras, têm experiência em teatro.
A ideia de "Naked girls reading" nasceu em Chicago (norte dos Estados Unidos), em março de 2009, das mãos de Michelle L'Amour, uma conhecida artista americana do gênero neoburlesco.
"Meu marido me encontrou uma vez sentada na cadeira, lendo nua. Digamos que se viu inspirado pela imagem. Começamos a rir e a conversar sobre a criação do evento Naked girls reading. E compramos o site na internet", conta L'Amour à AFP.
Michelle entrou logo em contato com Nasty para produzir o espetáculo em Nova York, que teve sua primeira leitura em outubro de 2009. Prepara, agora, um grande evento para celebrar o segundo aniversário.
Mundo afora
Atualmente, o espetáculo é produzido em várias cidades americanas e em algumas europeias, como Londres e Copenhague. "As leituras estão aí para fazer com que as pessoas se excitem com a literatura. Você pode ouvir bela literatura enquanto observa mulheres formosas. É uma combinação perfeita", explica L'Amour.
A escolha das meninas leitoras exige certas características, segundo Nasty Canasta. "Em maioria, é gente que conheço e está disposta."
Para os espectadores, que se despedem das garotas com um grande aplauso, o resultado é convincente. "Foi maravilhoso. Quando começaram a ler esqueci que estavam nuas", comenta Ellen Snare, uma advogada de 32 anos que assistiu pela primeira vez ao espetáculo.
"A escolha das passagens foi perfeita", conclui, assegurando que vai recomendar os amigos.
Da France Presse
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