quarta-feira, 6 de julho de 2011

Falso médico que trabalhava há 10 anos em hospitais é procurado pela PF


A Polícia Federal está à procura de um falso médico que atendia no Hospital Regional do Agreste (HRA), em Caruaru, e num hospital particular na cidade de Olinda. Ele usou um registro falso por dez anos até ser descoberto nesta terça-feira (05).

Leonardo de Moura Cintra só foi descoberto após emitir um atestado para um paciente que tinha se submetido a uma cirurgia, em Olinda. O documento foi conferido pela empresa em que o paciente trabalhava e o nome do médico não batia com o número do registro no Conselho Regional de Medicina (Cremepe).

“Ele foi operado por esse cidadão e ao receber o atestado a empresa, me parece que foi verificar o nome do médico com o número do registro. Isso é disponível no site tanto do Conselho Regional como do Conselho Federal de Medicina. E essa pessoa questionou se estava havendo algum erro no carimbo e ele não estava entendendo. Chamou atenção de imediato foi para o setor de fiscalização e se verificou que este número de registro pertencia a uma médica”, explicou Helena Carneiro Leão, presidente do Cremepe.

A partir daí, o Cremepe também descobriu que Leonardo Moura Cintra, de 36 anos, atuava como cirurgião no Hospital Regional do Agreste há dez anos. Registros mostram ainda que ele chegou a ser chefe do setor de emergência do próprio hospital.

“Foi informado que ele estaria de plantão ontem (segunda-feira ) e de imediato uma delegação com conselheiros, médico fiscal e assessor jurídico se dirigiu a Caruaru. Foram à Polícia Federal e chegaram no hospital e ele realmente não foi trabalhar ontem e informou que estava com uma pessoa da família doente”, disse Helena Carneiro Leão.

O nome de Leonardo também consta no site do Ministério da Saúde como médico cirurgião geral. O vínculo foi estabelecido por contrato verbal. Para surpresa de todos, o único documento que consta no HRA é uma cópia da carteira de identidade do falso médico.

“Ele fez uma seleção simplificada na Secretaria Estadual de Saúde e conseguiu ser nomeado para o Hospital Regional do Agreste. Em 2004, em nova seleção, ele foi aprovado e também nomeado. É tanto que ele tinha duas matrículas aqui como profissional médico. Nós tivemos que atualizar o cadastro de todos os nossos profissionais e aí, quando digitamos o CRM dele foi identificado que era de uma média e aí fizemos um contato por telefone com ele e ele afirmava que estava com alguma pendência no Conselho Regional de Medicina. Ontem (segunda-feira) nós fomos surpreendidos com a presença aqui do coordenador do Cremepe juntamente com a Polícia Federal, porque ontem era o dia do plantão dele regularmente aqui, e aí naturalmente ele não compareceu”, explicou o José Bezerra, diretor do Hospital Regional do Agreste.

Como Leonardo de Moura Cintra não foi preso em flagrante e não há mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça, ele não é considerado foragido. No momento, a Polícia Federal está apenas investigando o caso.

“Além da queixa desse paciente que desconfiou das atividades dele nós temos também ordem de pagamentos bancárias do salário dele expedida pela Secretaria da Fazenda, temos a folha de ponto que confirma que ele dava plantões no Hospital Regional do Agreste, como também um prontuário de um paciente que foi operado por ele. Então, todas essas apreensões com o depoimento que fizemos dessa vítima vai corroborar para se instalar um inquérito policia, intimar ele a comparecer na delegacia da Polícia Federal e aí ele poderá ser indiciado por exercício ilegal da medicina e também por falsidade ideológica. Essas penas variam de um até cinco anos de prisão”, afirmou Giovani Santoro, assessor de comunicação da Polícia Federal.

A Polícia Federal espera agora que ele se apresente. “O mais correto é que ele se apresente voluntariamente na nossa delegacia, até acompanhado de advogados para explicar ou até rebater todas essas provas que tem arrecadadas contra ele”, informou Santoro.

A Divisão de Controle Acadêmico da Faculdade de Ciências Médicas da UPE informou que Leonardo de Moura Cintra foi aprovado no vestibular e ingressou na Faculdade de Medicina em 1993. No segundo semestre do ano de 2000 ele fez matrícula no último período do curso,mas não colou grau porque não cumpriu a carga horária. A faculdade considera, neste caso, que houve abandono do curso de medicina.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que a contratação de todos os médicos para a rede estadual é feita por meio de análise de documentação e comprovação da experiência do candidato. E que foi justamente através da atualização dos dados de pessoal no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, sistema de informações do Ministério da Saúde, que foi possível descobrir a fraude.

Também por meio de nota, o Hospital Prontolinda informa que a irregularidade com o registro de Leonardo de Moura foi identificada e que o hospital solicitou uma consulta sobre a situação do acusado junto ao Cremepe. Ainda segundo a nota, o hospital, de imediato, “afastou o profissional de suas atividades e iniciou prontamente um processo interno de apuração dos fatos”.

Da Redação do pe360graus.com

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