quarta-feira, 7 de abril de 2010

Náutico chega aos 109 anos de olho em dias melhores


O momento atual é de apreensão e mágoa para a torcida mas é injusto não festejar os 109 anos do Clube Náutico Capibaribe, a serem completados neste 7 de abril de 2010. Afinal, a história alvirrubra é muito maior do que os últimos infortúnios. É numa data como essa que se deve olhar para trás e seguir aqueles exemplos na caminhada para o futuro. Futuro estampado em cada rosto de criança que, agarrada ao alambrado, comemora um gol de Carlinhos Bala.

Como o próprio nome sugere, o Náutico não nasceu com uma bola nos pés. A gênese foi nas águas do Rio Capibaribe. A partir de uma regata para recepcionar as tropas pernambucanas após a Revolta dos Canudos, o remo ganhou popularidade no Recife.

O registro na primeira ata consta do dia 7 de abril daquele mesmo 1901, por intermédio do líder do grupo, João Victor da Cruz Alfarra. As cores adotadas foram azul e branca. Porém, o vermelho e branco dos barcos praticamente obrigou a mudança, pois o primeiro escudo já mostrava as cores atuais.

Durante quatro anos, a nova agremiação restringiu-se ao remo. O futebol apareceu apenas em 1905, quando um grupo de ingleses formou o primeiro time para jogar apenas aos domingos. Embora com alguma resistência inicial, o soccer, como também era chamado o esporte ainda muito influenciado pelos ingleses, entrou no clube, mas sem grande interesse.

Tanto que o primeiro título veio apenas em 1934, quando o futebol ficou mais profissional. Esse ano também marcou a adoção do mascote. No dia 19 de agosto, o Náutico enfrentava o América no campo da Jaqueira. Com a chuva forte o vestiário alagou e os atletas ficaram em campo. Para diminuir o frio, um dirigente levou uma garrafa de conhaque para os atletas se "esquentarem". A torcida americana viu e não perdoou: "Timbu! Timbu!", gritavam, lembrando do marsupial fanático por bebida alcoólica. Ao final do jogo, o alvirrubro venceu por 3x1 e, dali por diante, não largou mais o timbu.

Cinco anos depois, foi fundado o Estádio dos Aflitos, no dia 25 de junho. O adversário foi o Sport, devidamente abatido por 5x2. Ao alvirrubro Wilson coube a honra de marcar o primeiro gol. A construção de sua casa foi o início de uma época dourada para o clube. Em 1945, a maior goleada: 21x3 no Flamengo do Recife. O ídolo da época era Orlando Pingo de Ouro, que depois brilhou no Fluminense.

Porém a época mais fecunda foi a década de 1960. Nesses tempos, o time dos Aflitos não conheceu adversários em Pernambuco e até mesmo o temível Santos de Pelé curvou-se à genialidade do esquadrão vermelho e branco. Foram nada menos do que sete títulos entre 1960 e 1969, sendo seis deles consecutivos (63-68), feito jamais igualado por outro clube de futebol do Estado.

O time era comandado por Sílvio Tasso Lassalvia, o Bita. Conhecido como "Homem do Rifle", devido aos chutes potentes, ele eternizou-se como artilheiro máximo timbu com 221 gols em 319 jogos. No citado embate contra o Santos, pela Taça Brasil de 1967, pelas semifinais, ele marcou quatro gols. O Náutico perdia por 3x1 e virou para 5x3 em pleno Pacaembu. Na final, os pernambucanos sucumbiram ao Palmeiras, mas tornaram-se o primeiro time pernambucano a disputar a Taça Libertadores, no ano seguinte.

Nas décadas de 1970 e 1980, o futebol pernambucano equilibrou-se e o Náutico protagonizou grandes jogos contra os rivais Sport e Santa Cruz. Ainda nessa época formou dois grandes artilheiros: Baiano e Bizu. A década de 1990 foi a menos produtiva, culminando com a queda para a Série C em 1998.

Os anos 2000, no entanto, marcaram o renascimento. Em 2001, ameaçado de perder o posto de único hexacampeão, o clube fortaleceu-se e conquistou o título do centenário - já realizara a proeza cinquenta anos antes. Além de retomar o orgulho de seu torcedor, ganhou seu ídolo mais recente, novamente um homem de nome sílvio e apelido de quatro letras: Sílvio Luiz Borba da Silva, o Kuki. O gênio irritadiço, a velocidade e a fome insaciável de gols o colocaram na terceira posição na lista de artilheiro do clube, com mais de 180 gols, apenas um atrás do segundo colocado, Fernando Carvalheira.

PROTESTO - Ao invés de festa, protesto. Um grupo de torcidas organizadas do Náutico fará uma caminhada da Avenida Conde da Boa Vista até a sede do clube na Avenida Rosa e Silva nesta quinta-feira Apitos, carros de som e narizes de palhaço darão o tom da revolta contra os maus resultados da equipe no Pernambucano e Copa do Brasil.

Wladmir Paulino
Do JC Online

Nenhum comentário: