Com o intuito de esclarecer um crime que aconteceu há 40 anos para a sociedade, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) está avaliando a possibilidade de reabrir o inquérito sobre o caso do padre Antônio Henrique Pereira, torturado e assassinado em 1969 no bairro da Várzea, no Recife, durante a ditadura militar.
No dia 27 de maio deste ano, o ex-policial civil Raimundo Ferreira da Silva, falou na Assembléia Legislativa de Pernambuco sobre o crime, depois de 13 anos morando fora de Pernambuco. Ele foi o primeiro a encontrar o corpo de padre Henrique, na reitoria da Universidade Federal de Pernambuco e também o responsável por prender um suspeito . Por isso, o ex-policial foi chamado pelos parlamentares a fornecer mais informações sobre o antigo caso. Isso estimulou a MPPE a analisar a causa.
Na tarde desta quinta-feira, Raimundo prestou depoimento para o procurador-geral de Justiça, Paulo Varejão, e a promotora Patrícia Oliveira, que está à frente do caso. Segundo Patrícia, as informações repassadas pelo ex-policial não apresentaram nenhuma novidade sobre o assassinato do padre. “É um trabalho preliminar. Para reabrir o inquérito, eu preciso analisar o que está arquivado e escutar a irmã do padre, a senhora Izaíra Ferreira Padovan. A situação aqui é mais de efeito declaratório e para dar uma resposta à sociedade”, explicou a promotora. O depoimento de Izaíra ainda não tem data confirmada.
Para o procurador-geral de Justiça, Paulo Varejão, há dois motivos para uma possível reabertura do inquérito. A primeira é o fato da testemunha (Raimundo) resolver falar sobre assassinato e acrescentar alguns detalhes. O segundo ponto é o fato do crime de tortura ser imprescritível. Ou seja, no caso de alguma possível condenação, o acusado poderá responder pelo crime de tortura. Mas como faz 40 anos do ocorrido, o condenado só pagará por esse delito, pois o crime de homicídio, depois de 20 anos julgamento do autor, é arquivado.
Segundo informações de Raimundo repassadas para o MPPE, os três suspeitos do crime estão mortos. Mas a irmã do padre afirmou recentemente em declaração na Assembléia Legislativa de Pernambuco, que existem mais pessoas envolvidas no assassinato
O caso
Seguidor de Dom Helder Câmara, Antônio Henrique Pereira foi ordenado padre em 1965, pelo próprio Dom Helder que, ao assumir o comando da Arquidiocese de Olinda e Recife (AOR) em abril de 1964, doze dias após o golpe militar, indicou o jovem para coordenar a Pastoral da Juventude.
Depois de participar do programa de evangelização popular, o padre começou a receber telefonemas ameaçadores, até que na noite do dia 26 de maio, ao deixar uma reunião de jovens em Parnamirim, foi visto entrando num carro desconhecido. Na manhã seguinte, ele foi encontrado morto, com ferimentos graves, enforcado e com a cabeça varada por balas.
Da Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
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