quinta-feira, 13 de novembro de 2014

PM é preso no Recife em operação da PF contra lavagem de dinheiro

Do G1 PE
Resultado da operação foi anunciado durante coletiva de imprensa (Foto: Anna Tiago/G1)Resultado parcial da operação foi anunciado durante coletiva de imprensa (Foto: Anna Tiago/G1)










Três organizações criminosas foram desarticuladas pela Operação Trevo, da Polícia Federal, acusadas de agir em 13 estados em um esquema de fraudes e lavagem de dinheiro por meio de jogos do bicho, montagem de máquinas caça-níqueis e comercialização irregular de títulos de capitalização. No Recife, um policial militar foi preso, acusado de envolvimento com essa quadrilha e com outros grupos que atuavam na área de exploração de jogos de azar. O balanço parcial da operação, deflagrada nesta quarta-feira (12), foi anunciado ainda durante a manhã.
Estima-se que as três organizações tenham movimentado mais de R$ 1 bilhão em todo o País. A operação pretende cumprir 36 mandados de prisão preventiva - sendo 24 em Pernambuco - e 32 mandados de busca e apreensão. Devem ser cumpridos ainda 57 mandados de busca e apreensão e 47 mandados de sequestro de bens, entre eles veículos de luxo. A PF não divulgou quantas pessoas foram detidas nem a quantidade de material apreendido.
Na manhã desta quarta, uma busca foi realizada em apartamentos no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Foram apreendidos carros de luxo, computadores e dinheiro em espécie. Todo o material foi levado para a sede da Polícia Federal, no Bairro do Recife.
Carros apreendidos durante a operação (Foto: Divulgação/ Polícia Federal)Carros apreendidos durante a operação (Foto: Divulgação/
Polícia Federal)









De acordo com a polícia, a empresa Pernambuco dá Sorte é suspeita de comandar o esquema mais complexo, que se estendia por mais oito estados. O esquema funcionava de modo que o dinheiro arrecadado com a compra dos títulos de capitalização deveria ser destinado a instituições filantrópicas, mas grande parte ia para uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) em Belo Horizonte, que servia de fachada para o dinheiro retornar à empresa.
“Na contabilidade, aparecia que 50% da arrecadação com a venda de títulos era destinada para a instituição, mas apenas 1,67% do valor era, de fato, enviado. Com isso, eles faziam uma manobra financeira”, explica o superintendente da Polícia Federal de Pernambuco, Marcelo Diniz. Funcionários ligados ao grupo Dá Sorte atuavam na instituição beneficente para desviar o valor. Estima-se que mais de R$ 400 milhões teriam sido desviados do instituto nos últimos quatro anos. A Justiça determinou a suspensão da comercialização de qualquer título de capitalização na modalidade popular envolvido na investigação.
Outro grupo criminoso atuava na montagem de máquinas caça-níqueis com componentes estrangeiros contrabandeados e tinha sede em São Paulo e ramificações em Pernambuco e no Nordeste. A polícia identificou algumas casas clandestinas de jogos na Região Metropolitana do Recife. Uma delas pertencia a um policial militar.

A empresa A Paraibana, de jogos de bicho, também foi alvo da polícia. “Ela servia como descarrego, que é uma espécie de seguro clandestino no qual o bicheiro compra apostas altas de outras bancas do bicho e assume o risco de premiação”, explica o delegado de combate ao crime organizado, Bernardo Torres. Nesse esquema, havia utilização de contas bancárias em nome de laranjas para movimentação de milhões de reais, sugerindo a lavagem de dinheiro.
Entenda o caso
A Operação Trevo, deflagrada na manhã desta quarta (12), procura desvendar um esquema de fraudes e lavagem de dinheiro em 13 estados brasileiros. O esquema movimentou cerca de R$ 1 bilhão segundo a PF. Há investigações em andamento em Pernambuco, Rio Grande do Sul, Alagoas, Amazonas, Goiás, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba, Espírito Santo, Pará, Piauí e Minas Gerais.
As acusações são também de jogo do bicho, distribuição de máquinas caça níqueis e emissão de bilhetes de loteria como título de capitalização. A organização criminosa operava por meio de loterias estaduais, cujos valores arrecadados eram repassados às entidades filantrópicas de fachada, fazendo com que o dinheiro ilícito retornasse em um procedimento suspeito.

As investigações vêm acontecendo há mais de um ano e pelo menos oito lotéricas de outros estados estão sendo vistoriadas nesta quarta.

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