AMARAL PUBLICIDADE
Além disso, Amaral se destacou como gritador de quadrilha, nos bons tempos em que as quadrilhas de rua eram a grande atração do São João de nossa terra. Tudo começou no Club Treze de Maio (na artéria de mesmo nome, centro da cidade), saindo, em seguida, para as ruas, com a quadrilha do Mobral, entre outras, e acompanhado do sanfoneiro Rafael Lopes (pai de Avenor Lopes e integrante da caravana de Ivan Bulhões), e depois Biu Marcelino.
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Amaral em 1976 apresentando o folclore da Escola Pe.Zuzinha |
Num tempo em que nem se cogitava a possibilidade de existir uma rádio em Santa Cruz do Capibaribe, que se servia radiofonicamente das três emissoras AM de Caruaru – Difusora, Cultura do Nordeste e Liberdade – e das três de Campina Grande – Cariri, Borborema e Caturité –, nascia o Serviço de Som Amaral Publicidade.
Francisco Amaral em 2009 |
O embrião da comunicação falada em Santa Cruz surgiu de uma ideia persistente de Francisco Amaral, que alugou uma salinha na Av. João Francisco Aragão, em frente onde fica o Banco Itaú, e espalhou alto-falantes pelas ruas. Da Rua Grande até a Pe. Estima. Isso lá pelos idos dos anos 70...
Durante todo o dia, músicas e notícias enchiam os ares de Santa Cruz. Ficou na minha memória de menino, e me vem nitidamente ainda hoje, os acordes musicais do noticiário, que era em cadeia com a Rádio Liberdade de Caruaru, sob o patrocínio (na rádio) da Sanepe (hoje Compesa); lembro-me dos malabarismos que o controlista tinha que fazer para suprimir a vinheta do patrocinador e substituir pelo patrocínio local.
Durante todo o dia, músicas e notícias enchiam os ares de Santa Cruz. Ficou na minha memória de menino, e me vem nitidamente ainda hoje, os acordes musicais do noticiário, que era em cadeia com a Rádio Liberdade de Caruaru, sob o patrocínio (na rádio) da Sanepe (hoje Compesa); lembro-me dos malabarismos que o controlista tinha que fazer para suprimir a vinheta do patrocinador e substituir pelo patrocínio local.
À noite, um programa muito movimentado era o "De alguém para você", através do qual os jovens se ofereciam músicas. As pessoas colocavam cadeiras nas calçadas, para conversarem, em animadas “malas”, ouvindo as canções que Amaral tocava, noite adentro.
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Rafael Lopes o primeiro a acompanhar as quadrilhas de Amaral com seus oito baixos |
No tempo de eleição, a atenção era total. Na época da contagem manual de votos, quando a característica musical anunciava a abertura de mais uma urna, uma verdadeira multidão acorria para as proximidades dos alto-falantes, de lápis e papel em punho, para anotar as parciais, depois do quê, explodiam em gritos e fogos os partidários do candidato que estava à frente, enquanto os correligionários do concorrente, desfavorecido naquela urna, ansiavam pela próxima, para “tirar a vantagem” e “fazer frente” ao adversário.
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Biu Marcelino tocou muitas quadrilhas sob o comando de Francisco Amaral |
Eram locutores, além de Amaral (que na época era conhecido como "Chico do Xangô"), Severino José (filho de Marcina, meu amigo de infância e colega de primário, a quem chamávamos de "Cuia", e de quem nunca mais soube notícias) e José Oliveira (um meninote, na época). Foi também em Amaral Publicidade que o jovem Geraldo Costa dava seus primeiros passos no talento com os botões eletrônicos do painel de controle.
Além do serviço de som, e mais tarde, Amaral manteve uma parceria com Antonio Lopes do Nascimento, empresário do ramo de panificação (Padaria Flórida), pai da atriz Avani Lopes: tratava-se de "AL Propaganda", um carro de publicidade volante, pertencente a “Antonio Saturnino”, administrado pelo locutor.
Além do serviço de som, e mais tarde, Amaral manteve uma parceria com Antonio Lopes do Nascimento, empresário do ramo de panificação (Padaria Flórida), pai da atriz Avani Lopes: tratava-se de "AL Propaganda", um carro de publicidade volante, pertencente a “Antonio Saturnino”, administrado pelo locutor.
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Jota Oliveira nos tempos de locutor de Amaral Publicidade |
Além disso, Amaral se destacou como gritador de quadrilha, nos bons tempos em que as quadrilhas de rua eram a grande atração do São João de nossa terra. Tudo começou no Club Treze de Maio (na artéria de mesmo nome, centro da cidade), saindo, em seguida, para as ruas, com a quadrilha do Mobral, entre outras, e acompanhado do sanfoneiro Rafael Lopes (pai de Avenor Lopes e integrante da caravana de Ivan Bulhões), e depois Biu Marcelino.
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Geraldo Costa foi um dos primeiros talentos lançado por Amaral. |
Por outro lado, as vaquejadas, narradas com presteza por Amaral, fizeram seu nome conhecido em toda a região, pois Chico sempre foi apaixonado por esta festa nordestina. Não posso falar muito desses eventos de “queda de boi”: por não gostar desse festejo, devo ter ido apenas a uma ou outra, mas nenhuma com a presença de Amaral.
Francisco Amaral também teve (mesmo sem o saber) grande parcela de importância na minha infância, eu que sempre fui um apaixonado por microfone, embora minha timidez e outros caminhos que me surgiram não me tenham permitido seguir essa carreira... mas ficava horas "aperuando" pelos estúdios, que funcionavam vizinho à serralharia de Zé de Duquinha, acompanhando os movimentos de locutores e controlistas, e me deliciando com aquele trabalho e com as músicas da época...
Francisco Samuel do Amaral, 70 anos, é natural da cidade de São Caetano-PE, pai de 22 filhos – frutos de diversos relacionamentos, é avô e bisavô. Recentemente, ouvindo uma rádio de Santa Cruz, surpreendi-me com o vozeirão de Francisco Amaral apresentando um programa de músicas antigas. Disseram-me que continua gritando quadrilha, como só ele sabe fazer... Aliás, foi o homenageado do São João, no ano de 2009.
Fernando Aragão foi o autor do Título de Cidadão em 2009
Soube também que, por indicação de Fernando Aragão, nesse mesmo ano, a Câmara Municipal concedeu-lhe o título de Cidadão Santacruzense. É justa a homenagem, embora eu tenha reservas a esse lance de título de cidadão: acho que nem o Legislativo Municipal está aí para isso, nem também chega a ser uma grande homenagem, uma vez que se banalizou esse título (para terem uma ideia, até uma apresentadora de programas de misses, na década de setenta, chamada Carmem Tovar [alguém já ouviu falar?] foi agraciada com a "nobre" homenagem). Amaral é cidadão santacruzense, sim, na prática, pelo seu valor e pelos serviços prestados a sua gente e a seu povo.
Como herança, Francisco Amaral vê sua obra tendo continuidade em dois de seus filhos, Fernando e Fabiano Amaral, que, nos passos do pai, são detentores de vozes potentes e talento ímpar na locução, e, assim como o genitor, atuam no ramo de comunicação em Santa Cruz do Capibaribe.
FONTE: SULANCA NEWS
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