Empenhado em minimizar os efeitos negativos da CPI da Petrobras para o Governo, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB), passou boa parte do dia de ontem reunido com lideranças partidárias do Senado, dos quais cobrou a indicação de nomes que se comprometam com a Comissão Parlamentar. O petebista, que garantiu que o Governo não interferirá diretamente na escolha do presidente e relator, negou a articulação de uma tropa de choque para aparelhar a CPI. Múcio destacou que o regimento interno da Casa Alta não será desrespeitado. Pela regra atual, cabe ao PMDB, partido com a maior bancada, escolher o presidente da Comissão, que, por sua vez, indicará o relator.
“O ideal é que (os integrantes) possam comparecer e contribuir com o debate para esclarecer a sociedade. Não é preciso defender o Governo. É preciso mostrar que a Petrobras é responsável por gerar 40% do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)”, pontuou o ministro, que até o fechamento desta edição encontrava-se reunido com o chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
O ministro das Relações Institucionais tentou afastar qualquer especulação de crise no Governo. De acordo com ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não está monitorando os desdobramentos da CPI da China, onde encontra-se em missão oficial. “Nós nos falamos na sexta, no sábado e no domingo. No domingo, nos falamos, mas nem comentamos sobre a CPI”, disse o petebista, que negou preocupações com eventuais traições do PMDB, motivadas pelas recentes demissões de funcionários da Infraero, indicados por padrinhos políticos. “O PMDB é um parceiro fiel e trabalhou para evitar a CPI”, comentou.
ARTICULADOR
Presidente da BR Distribuidora, o petista José Eduardo Dutra ganhou status de principal articulador do Governo Federal nas negociações da CPI da Petrobras. Ele conversará com líderes oposicionistas e dará consultorias a outras lideranças e a ministros, tudo com o aval do Palácio do Planalto. Dutra e José Múcio discutiram ontem estratégias a serem adotadas pelos aliados nos trabalhos da CPI.
José Eduardo Dutra - que presidiu a estatal de 2003 a 2005 - tem experiência nesse tipo de negociação. Ao lado da ex-senadora Heloísa Helena (PSOL/ AL) e do senador Eduardo Suplicy (PT/SP), ele foi uma das estrelas petistas que ganharam fama no bloco de oposição ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), nas CPIs dos Precatórios (1996-1997), dos Bancos (1999), do Judiciário (1999) e do Futebol (2001).
ARTHUR CUNHA
Com Agências
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