quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A volta da mistura bebida com direção


segunda-feira na BR-101, em Paulista, expôs um problema mantido à sombra por condutores e autoridades: a Lei Seca não preocupa mais. O hábito de beber e dirigir voltou, reforçado por falhas nas fiscalizações dos órgãos de trânsito competentes. Não é difícil encontrar pessoas como Hugo Firmino da Silva, 33 anos, motorista que provocou o acidente. Segundo informações, Hugo resolveu pegar a estrada após passar o dia bebendo em um jogo com amigos. Pagou um valor mais alto que qualquer multa estabelecida pela lei que proíbe o motorista dirigir após ingerir álcool: morreu ontem no Hospital da Restauração. "Os motoristas estão perdendo o medo da Lei Seca. No início, a preocupação era bem maior", admitiu o inspetor Éder Rommel, chefe do setor de comunicação da Polícia Rodoviária Federal em Pernambuco. E a proximidade das festas de fim de ano, com muitas confraternizações e bebidas, traz uma preocupação extra em relação às estradas. A imprudência dos condutores reflete a precariedade da fiscalização nas rodovias. O trecho onde aconteceu o atropelamento, que vai da Muribeca até Igarassu, é monitorado por apenas duas viaturas, quando o ideal seriam quatro. Apenas 40 policiais inspecionam os 2,4 mil quilômetros de estradas federais no estado, quando o efetivo indicado seria de 400. A falta de equipamento suficiente também influencia. Só há 15 etilômetros (aparelho que mede a quantidade de álcool no sangue). "Ano que vem a fiscalização será maior. Teremos mais 40 policiais", adianta. Na Região Metropolitana do Recife, a ausência de blitz é cada vez mais perceptível. "No começo da Lei Seca, havia fiscalização em toda esquina. Hoje quase não vejo policiais nos fins de semana. Dia de semana então, é mais raro ainda. Por isso bebo e dirijo", comentou o estudante universitário Maurício Jatobá, 18 anos, morador do bairro de Boa Viagem. Seus amigos, conta, fazem o mesmo: bebem e depois guiam o carro normalmente. Mas, e as blitz? "As poucas que existem estão sempre nos mesmos lugares. É só procurar ruas alternativas", ensinou. Uma das principais rotas de fuga da Lei Seca na Zona Sul é a Rua dos Navegantes. A estudante Renata Pereira acredita que "todo mundo voltou a beber e a dirigir". Ontem à tarde a reportagem do Diario flagrou diversos "bebedores" com a chave do carro nas mãos em um bar na Rua do Lazer, na Boa Vista. O presidente do Detrann-PE, Roberto Leandro, discordou da opinião geral. Ele afirmou que o número de blitz em Dezembro é maior que o registrado no início da lei, sancionada em junho. Mas não soube precisar o número exato de operações. "Posso garantir que não houve redução. Talvez o medo da Lei Seca tenha acontecido porque o assunto não está mais na cobertura da imprensa", concluiu. O Detran anunciou um esquema especial, que contará com 20 etilômetros a mais agora no fim de ano. A multa para quem for pego dirigindo embriagado é de R$ 1 mil. Vítimas- O número de acidentes no trânsito voltou a crescer em torno de 36% em relação a Junho. Os dados são do Hospital da Restauração. O trânsito é o 2º colocado na lista de causas de mortes violentas, perdendo apenas para assassinatos.

Um comentário:

Unknown disse...

Causou-me grande surpresa ao ver que um jornal do tamanho do diário e com a repercussão que ele possui pode fazer uma matéria tão tendenciosa como essa. Me sinto completamente ofendido ao ver a minha foto e a dos meus amigos (sou o da frente da foto) servindo como ilustração para alguém que só pretendia conseguir a sua matéria a qualquer custo. Quando fomos abordados ontem à tarde, concordamos em dar entrevista sobre um assunto que achamos importante para fazer um alerta para a população, mas depois da reportagem vejo que a intenção era a de denegrir a imagem de estudantes universitários e os jovens como um todo, já que tudo que foi dito por nós foi distorcido de maneira absurda pela repórter que provavelmente já tinha a matéria pronta e só precisava de fantoches para ilustrá-la. Sou contra a mistura do álcool com a direção e acho que a lei seca veio para reduzir esse problema dos acidentes e tem sido eficiente nesse combate. Thiago Gusmão (Estudante de Direito)