quarta-feira, 20 de maio de 2009
Preço do cigarro no Brasil é um dos mais altos do mundo, diz FGV
Aqueles que vêm pensando em largar o cigarro têm mais um motivo para deixar o vício: o peso no bolso. Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado nesta terça-feira (19), revelou que o preço do maço no Brasil é um dos mais altos do mundo. Em abril, antes da elevação das alíquotas de impostos sobre o produto, o Brasil era o sexto no ranking de cigarros mais caros do mundo.
Após os aumentos de preços praticados pela indústria - entre 20 e 25% - o país passou à terceira posição, num ranking de 22 países. Isso num mercado em que são vendidos quatro bilhões de maços por ano.
Segundo José Antonio Schontag, professor da FGV e autor do estudo, foram analisados os preços de duas marcas em cada um dos países: a marca mais vendida – que no caso do Brasil é o Derby, fabricado pela Souza Cruz – e o Marlboro, da Philip Morris, por ser uma marca comum a todos os mercados analisados.
Renda comprometida
O estudo “Efeitos do sistema tributário sobre o setor de cigarros” mediu o percentual do PIB per capita que um consumidor compromete ao comprar, ao longo de um ano, cem maços de cigarro. Segundo o professor, com o reajuste de R$ 2,40 para R$ 3, provocado pelo aumento de impostos, um maço de Derby passou a comprometer 2,16% da renda do brasileiro. Já o Marlboro, ao passar de R$ 3,40 para R$ 4,50, hoje compromete 3,24% da renda do consumidor
“A percepção de que o cigarro brasileiro custa pouco, em comparação aos preços de outros países, era procedente há 15, 10 anos, quando o dólar era muito valorizado em relação à moeda brasileira. Hoje, embora a realidade seja bem diferente, como mostra o estudo, ficou cristalizada no senso comum a idéia de que o cigarro no país é barato”, explica o professor.
O estudo levou em conta a moeda de cada nação. O cálculo foi feito tomando-se o PIB do país na moeda local e dividindo-o pelo número de habitantes, chegando, assim, ao PIB médio referente a cada habitante. A pesquisa calculou o percentual que o consumidor comprometeria de sua renda levando em conta o preço praticado, também em moeda local, em cada um dos países.
Mercado informal
No mesmo estudo a FGV levantou qual seria o preço mínimo ao consumidor de um maço de cigarros, considerando-se os custos de produção, distribuição, remuneração do varejista e impostos. Esse valor ficou em R$ 2,20, sem incluir margem de lucro para a indústria. A conclusão foi de que qualquer cigarro vendido por um valor menor seria fruto de contrabando ou de sonegação.
“Hoje o cigarro no mercado informal é oferecido até por R$ 1,50”, disse o professor. “Com o produto custando R$ 3, o peso para quem ganha salário mínimo é muito grande. Alguns vão fumar menos, mas cigarro é cigarro. Uma boa parte vai procurar produtos mais baratos e esse mercado informal, em que não se paga impostos, ganha força”.
Souza Cruz divulga nota
Procurada pela G1, a Souza Cruz divulgou nota comentando o efeito do aumento de impostos sobre os cigarros, como o IPI, que já entrou em vigor, e o PIS/Cofins, que, segundo Schontag, passará a surtir efeito em julho.
“O aumento de impostos, além de impactar os custos de produção e comercialização da Souza Cruz, demanda um ajuste nos seus processos operacionais e logísticos para que as decisões do governo possam ser implementadas e comunicadas aos mais de 240 mil pontos de venda atendidos pela empresa no país. A conjugação destes fatores demandou à Souza Cruz um reajuste de preços com o objetivo de minimizar os impactos na operação da empresa, garantir a operacionalização das medidas governamentais, como também contribuir para a manutenção da arrecadação do governo”.
Procurada pelo G1, a Philip Morris ainda não se pronunciou.
Daniella Clark
Do G1, no Rio
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