Uma equipe do Jornal da Record se mudou para o Jardim Romano, bairro da zona leste de São Paulo alagado há uma semana por causa das chuvas do último dia 8.
Dona Teresinha mora no bairro com dois filhos na casa que foi alagada. Ela tinha um pequeno comércio e perdeu todos os pertences. Diante da fome, ela tentou comer carne de cobra, que foi encontrada no alagamento.
- Tinha gosto de esgoto e não quis [sic]. O Tietê abriu um braço dentro da minha casa. Destruiu tudo. Não sobrou nada.
Os moradores do bairro tentam retornar à rotina normal. Às 5h muitos já saem para trabalhar e, para isso, enfiam o pé na água, que chega até o joelho de muitos dos moradores. A reportagem flagrou uma van atolada. O veículo teve de pedir aos passageiros, que iam para o trabalho, para descer.
Na volta do trabalho, a situação se repete. Alguns tiram os sapatos e colocam galochas para enfrentar a água suja e fedida.
Remoção
Na manhã desta segunda-feira (14), o prefeito Gilberto Kassab (DEM) afirmou que o processo de cadastramento para remoção das famílias que estão nesta área começará ainda nesta semana. Das 60 mil pessoas afetadas pelas chuvas, de 3.500 até 7.000 serão removidas do local, em um primeiro momento com o bolsa aluguel - dinheiro fornecido para que as famílias aluguem um imóvel - e, depois, para moradias regulares definitivas.
Desse total, 9.997 pessoas foram atendidas no sábado (12) e receberam cobertores, colchões, cestas básicas, material de higiene pessoal e de limpeza. Ainda no sábado (12), 2.500 famílias foram atendidas no Jardim Romano. Os bairros em que a situação é mais crítica são Jardim Romano, Jardim Helena, Chácara Três Meninos, São Martinho, pois estão mais próximos do rio.
Para a construção de novas moradias fora da área de risco, o prefeito revelou que serão disponibilizados R$ 300 milhões. A verba é do governo do Estado e da prefeitura.
O cadastro efetivo, de acordo com a Secretaria Municipal de Habitação, começará no fim de semana, quando técnicos do órgão irão até as áreas alagadas para as famílias preencherem as fichas.
De acordo com Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), começam nesta segunda as vistorias nas áreas em que as moradias serão demolidas. No local, o governo do Estado vai instalar obras socioambientais – como áreas de lazer, ecologia e cultura ambiental - que fazem parte do Parque Várzea do Tietê, que irá revitalizar a área em volta do rio e remover moradias irregulares do entorno. A obra teve início há sete meses.
Alagamento sem fim
De acordo com o coronel Jair Paca de Lima, chefe da Defesa Civil, a situação poderá melhorar apenas se não chover.
- Caso as chuvas parem, pode ser que daqui a oito dias, aproximadamente, o nível das águas baixe um pouco. Mas é só uma previsão.
A demora no escoamento da água ocorre porque a região, que fica na área de várzea do rio Tietê, é de pântano, o que torna o solo impróprio para a construção de moradias.
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