quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Deputado do dinheiro nas meias pede para sair do DEM

O presidente licenciado da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Leonardo Prudente, pediu nesta quarta-feira sua desfiliação do DEM, surpreendendo o diretório regional do partido, que estava reunido para decidir sobre sua expulsão. Prudente foi flagrado escondendo dinheiro nas meias em um escândalo de corrupção cujo maior suspeito é o governador do Estado, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM).

Prudente – que enviou um fax pedindo sua desfiliação – antecipou uma decisão que não poderia ser tomada hoje porque somente oito pessoas foram à reunião, três a menos do que o necessário para votar a expulsão.

No fax, escrito de próprio punho, Prudente pediu a desfiliação do DEM por “questões de foro íntimo”, mas informou que reassumirá suas funções como deputado e presidente da Câmara Legislativa. Ele havia pedido licença de 60 dias do cargo, por motivos de saúde, no dia 1 de dezembro – logo após a divulgação de vídeo em que aparecia guardando nas meias dinheiro de um suposto esquema de corrupção no governo do DF.

“Com a saúde já restabelecida, reassumo minhas atribuições como deputado e presidente da Câmara Legislativa do Distrito federal, agora sem interferência político-eleitoral”, afirmou Prudente no fax.

O deputado, que havia apresentado hoje sua defesa no processo de expulsão do DEM, deu a entender que não pediu desfiliação do partido por receio de ser expulso. Ao contrário, disse que tinha certeza de sua absolvição.

“Recolhi, de manifestações de membros da Executiva Regional, que as denúncias a mim imputadas não ensejariam a aplicação da penalidade de exclusão de seus quadros. Lamentavelmente, não houve quórum para confirmação destas manifestações”, disse Prudente no manuscrito.

Antes de constatada a falta de quórum o ex-senador Lindberg Cury, relator do processo de expulsão, revelou que Prudente havia alegado cerceamento de defesa. Isso porque teria pedido ao partido cópia dos vídeos em que aparecia recebendo dinheiro e , como resposta, ouviu que os vídeos eram públicos.

Segundo Flávio Curi, secretário-geral do DEM no DF, o presidente regional do partido, o vice-governador Paulo Octavio – que não compareceu à reunião – iria conversar com Prudente antes do encontro. O pedido de desfiliação poderia ter sido resultado desta conversa.


Todos aqui sabem que dificilmente alcançaríamos quórum, faríamos na primeira quinzena de janeiro. Ele antecipou o fato.

Curi informou que não há qualquer punição a ser aplicada uma vez que Prudente não pertence mais ao partido. No entanto, ainda há risco do deputado perder seu mandato.

- A única coisa que pode se estudar, amanhã ou depois, e aí precisa ver a conveniência, é tentar buscar o mandato dele.

Nova reunião da Executiva Regional do partido só deve ocorrer em meados de janeiro.

As informações sobre o escândalo vieram à tona em 27 de novembro, quando a Polícia Federal apreendeu uma série de documentos nos gabinetes de Prudente, da líder do governo na Casa, Eurides Brito (PMDB), e do presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Rogério Ulysses (PSB), durante a Operação Caixa de Pandora.

A devassa foi feita também nos gabinetes de assessores e secretários do governo do Distrito Federal. No inquérito, Arruda é apontado como o comandante de um esquema de distribuição de propina a deputados distritais e aliados.

Confira os membros da Executiva regional que compareceram à reunião de hoje do DEM: Flávio Curi, Lindberg Cury, Adelmir Santana, Raad Massouh, Nilo cerqueira, Paulo Roriz, Elany Leão e Adalberto Valadão

Mylena Fiori, do R7 em Brasília

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