A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, afirmou nesta segunda-feira (4) que ligou para Marina Silva (PV) depois das eleições. "Dou muito valor ao apoio da Marina. Isso não significa, necessariamente, que ela tenha que me apoiar.”
A petista evitou comentar diretamente se irá pedir ou se já teria pedido o apoio de Marina para o segundo turno. “Não acho adequado especular sobre o que alguém vai fazer. Eu liguei pra Marina porque era fundamental reconhecer o desempenho nas urnas”, argumentou. A petista, no entanto, afirmou que em “um segundo momento” o apoio de Marina seria debatido.
Dilma analisou o segundo turno como um fato decorrente da boa atuação de Marina nas urnas, que terminou a eleição em terceiro lugar, com quase 20% dos votos válidos. “Liguei para a Marina e a parabenizei por isso. A candidata Marina fez uma campanha qualificada e uma parte dos votos ela capturou e tirou do meu adversário também”, afirmou.
Dilma Rousseff (de branco) reunida nesta segunda-feira (3) em Brasília com aliados eleitos ou reeleitos no domingo (Foto: Robson Bonin/G1)
A candidata do PT disse que pretende fazer um “debate qualificado” e de “propostas” nessa nova fase da campanha. “Pretendo nessas quatro semanas, que vão daqui até 31 de outubro, fazer um debate qualificado apresentando propostas e desenvolvendo propostas na área da saúde, educação”, afirmou.
A petista convocou governadores, deputados e senadores eleitos e reeleitos por partidos que dão sustentação ao governo para uma conversa em Brasília. O objetivo é definir a estratégia para a disputa do segundo turno contra o candidato do PSDB, José Serra.
Ela agradeceu os votos recebidos. “Eu queria fazer uma primeira constatação e um agradecimento. Agradeço ao povo brasileiro que me deu 47 milhões de votos. Hoje acordei de manhã e agradeci a Deus pelo fato de ter tido esses 46% a 47% dos votos”, disse a petista.
Dilma também disse que está feliz com o resultado da eleição. “Feliz porque o segundo turno é sempre uma oportunidade de discussão. E começo o segundo turno acompanhada por um conjunto de governadores, senadores, deputados federais, estaduais eleitos pelo conjunto de forças que me apoiam muito significativo. O primeiro passo é ser acompanhada por esse conjunto de senadores e governadores eleitos. Tivemos a felicidade de eleger a maioria da Câmara Federal e o Senado da República.”
Sobre os ataques que sofreu durante o primeiro turno, com boatos na internet, por exemplo, Dilma disse ter sido vítima de uma campanha perversa. “Considero que foi feito uma campanha perversa sobre o que eu penso e acredito. Quem me acusava não aparecia de forma muito clara”, disse.
Aborto
Questionada sobre como iria atuar para esclarecer o eleitorado sobre posições polêmicas como o aborto, Dilma disse que a campanha estava estudando como agir, já que no primeiro turno ela estava “inocente” em relação aos boatos divulgados: “Estamos avaliando como é que vamos nos comportar e no sentido de esclarecer a população.”
Dilma também alfinetou o candidato do PSDB, José Serra, ao lembrar o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: “Esse país foi governado oito anos pelo PSDB e este projeto não pode ser escondido.”
Questionada sobre as propostas apresentadas por Serra de aumentar o salário mínimo de R$ 510 para R$ 600 e estender benefícios a aposentados e beneficiários do Bolsa Família, Dilma disse que quem promete tem que provar que é capaz de fazer. “Há uma diferença entre falar e fazer. Quem fala, tem que provar que fará, porque, no mínimo, já fez. Quando eles puderam mais, fizeram menos. Nós não. Quando nós podemos mais, fizemos mais.”
Robson Bonin
Do G1, em Brasília
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