sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Secretária da Pastoral da Criança relata momentos de pavor no Haiti
O corpo da fundadora da Pastoral da Criança, a médica Zilda Arns, que morreu no terremoto que atingiu o Haiti, chegou a Brasília na madrugada desta sexta-feira (15). O corpo foi transportado por uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB).
Ao desembarcar, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que os corpos dos militares mortos devem chegar ao Brasil no sábado (16). De acordo com ele, falta a liberação da ONU, já que eles faziam parte da missão de paz.
Jobim contou que ficou impressionado com a situação em que se encontra a capital do Haiti, Porto Príncipe. “No momento em que começarem a sentir sede e fome e não conseguirem resolver o problema de habitação, pode haver distúrbios. Por isso, estamos preocupados com a violência", comentou. O ministro disse ainda que hospitais foram destruídos pelos abalos.
O sobrinho de Zilda Arns, o senador Flavio Arns (PSDB-PR), também voltou do Haiti no avião da FAB. “Foi uma viagem difícil. Perdemos uma das maiores lideranças do Brasil e do mundo nessa área social. Ela usou uma frase que me relataram lá. Ela disse: ‘Eu sabia que a pobreza era muito grande no Haiti, mas não podia imaginar que fosse tão agressiva em relação ao ser humano’”, afirmou.
Quem também desembarcou em Brasília durante a madrugada foi a irmã Rosangela Altoé, secretária da Pastoral da Criança. Ela trabalhava com Zilda Arns. As duas estavam juntas, no mesmo salão, quando houve o terremoto que destruiu a cidade.
Abatida e com um ferimento na mão, ela contou os momentos de pavor: “Estávamos na parte de cima de um prédio de três andares. Fui buscar o material que usamos na palestra, a bolsa dela, as anotações que fizemos na viagem. Foi nesse momento que o prédio começou a balançar de um lado para o outro. O chão começou a ruir, perdemos o equilíbrio e não vi mais nada. Do lado desse centro, tinha uma escola. As crianças estavam lá. A escola também ruiu. À medida que saíamos, escutávamos os gritos das crianças. É algo muito forte. Não tem como esquecer”, disse Rosangela.
O corpo de Zilda Arns deve seguir para Curitiba, onde será velado.
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