quarta-feira, 16 de março de 2011

Servidor é agredido no HR


Um funcionário da Secretaria Estadual de Saúde (SES), que já foi lotado no Hospital da Restauração (HR), foi agredido, ontem, por seguranças da unidade de saúde, após denunciar à Folha de Pernambuco irregularidades no funcionamento do hospital. A agressão ocorreu no momento que ele tentava entrar nas dependências da emergência hospitalar. O técnico em mobilização do HR Ivanildo Pedro da Silva, após conversar com a reportagem seguiu para dentro do centro. Entretanto, ao passar pela porta do setor de emergência, Ivanildo foi surpreendido pelos seguranças que impediram a sua entrada. A alegação para a proibição deu-se, segundo um dos envolvidos, porque a equipe de segurança recebeu ordens da administração do prédio para não deixar o funcionário entrar.
Para a vítima, o ato ostensivo demonstra o que alguns funcionários vêm sofrendo na unidade. “A administração do hospital está devolvendo para a Secretaria vários funcionários que estão reivindicando os seus direitos. Mais de 30 trabalhadores, entre eles médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem foram devolvidos em menos de um mês. Os funcionários, que denunciam irregularidades, estão sendo proibidos de entrar na unidade. Isso é assédio moral”, desabafou, revoltado.

Ainda de acordo com Ivanildo, várias são as reivindicações que os empregados estão solicitando à administração, mas, até o momento, nenhuma dela foi atendida. “Estamos reivindicando a questão da produtividade, que é um bônus que não vem sendo pago. Os salários dos plantões extras que estão atrasados desde junho do ano passado. Somado a isso, tem a questão das condições de trabalho, pois há elevadores que transportam corpos junto com a alimentação servida aos pacientes. Além disso, estamos reivindicando o atendimento livre (sem prescrição) para os pacientes que buscam um neuro. Aqui é uma unidade de politraumatizados. Não justifica as pessoas irem primeiro para as UPAs, que não dispõem de neuros, para depois serem encaminhados para cá”, questionou.

Segundo o assessor médico da direção do HR, Hélio Calábria, o incidente aconteceu porque Ivanildo está resistindo às novas medidas impostas pela administração. “Estamos fazendo uma reformulação no quadro de funcionários para melhorar o atendimento emergencial. Então, pessoas que não estavam se adaptando às condições de trabalho devolvemos para a secretaria e não demitimos. No caso de Ivanildo, ele vinha, assinava o ponto, e ia embora. Isso não vamos querer aqui. É o tipo de funcionário que não atende ao perfil exigido pelo HR”, alegou. Sobre a informação de que pacientes com traumas não estavam sendo atendidos na unidade, o assessor informou: “Essa denúncia é uma inverdade, pois nós queremos que todos os pacientes vítimas de traumas venham para cá”, assegurou.

Ainda, por telefone, assessoria de Imprensa do HR acrescentou que Ivanildo está desvinculado do hospital, mas como é concursado continua integrando o quadro da SES. Segundo a assessoria, ele teria sido desligado da unidade por problemas de conduta, uma vez que já teria arrumado confusão com outros colegas de serviço e vivia faltando. Ainda de acordo com a assessoria, todos os funcionários que não estão desempenhando nenhuma função no estabelecimento são impedidos de entrar nas instalações. Sobre as informações de que os salários dos plantões extras estão em atrasos, à assessoria assegurou que os valores serão regularizados a partir desta semana. Já quanto à questão do bônus de produtividade, a assessoria informou que o referente ao mês de janeiro está disponibilizado para os funcionários desde o começo de março. Já o de fevereiro está sendo processado e a previsão é de que seja pago até o final desta semana.

Após o episódio, Ivanildo pres­tou queixa (11900940010 90) na Delegacia do Espinheiro. Em seguida, se dirigiu para o Instituto de Medicina Legal (IML). Lá, ele foi encaminhado para a UPA de Cruz e Rebouças, em Igarassu, onde recebeu atendimento e foram constatadas pequenas lesões no cotovelo e um edema no punho esquerdo. Diante das circunstâncias, a vítima pretende, agora, levar o caso para a justiça. “Já prestei queixa e fiz exames na UPA. Agora, vou entrar com uma ação judicial contra o hospital”, informou. Segundo a assessoria de Imprensa do HR, a vítima tentou entrar à força e agredindo o segurança, por isso a reação. Mas a abordagem agressiva não faz parte da conduta dos seguranças da unidade.

VOLTA DOS LEITOS

Ainda na manhã de ontem, o assessor médico da direção do HR, Hélio Calábria, informou que os oito leitos que seriam desativados da emergência do HR não serão mais fechados, conforme informação divulgada anteontem. Segundo o assessor, a SES enviou três médicos para suprir a ausência das quatro profissionais que estão de licença médica. Com isso, os leitos funcionarão normalmente com a vinda dos novos funcionários.

ANDERSON BANDEIRA(FOLHA DE PERNAMBUCO)

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