terça-feira, 21 de setembro de 2010

Remédios de uso controlado no País são vendidos livremente no Sertão


Agentes da Polícia Federal e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realizaram no Sertão nordestino a maior apreensão de remédios de uso controlado do país. Os medicamentos contrabandeados do Paraguai eram vendidos irregularmente em três cidades de Pernambuco e uma do Ceará.

O alvo da operação foram farmácias que comercializam os produtos contrabandeados e até medicamentos desviados dos hospitais credenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em pouco tempo, o material foi recolhido, farmácias interditadas e uma grande quantidade de medicamentos apreendidos. "Esta é a maior apreensão de medicamentos controlados encontrados no país", fala o chefe de Segurança da Anvisa, Adilson Bezerra (foto 6).

A sala na sede da Polícia Federal em Salgueiro, no sertão de Pernambuco, ficou cheia de produtos irregulares. E os agentes continuavam recolhendo medicamentos falsificados, com prazos de validade vencidos, de uso proibido no Brasil ou armazenados inadequadamente nas farmácias da região.

Mais de 50 mil caixas e cerca de cinco milhões de comprimidos. Os medicamentos apreendidos em três dias de operações estão avaliados em um R$ 1 milhão. Os mais caros são os de uso controlado. E um deles, de tarja preta, são falsos.

O Pramil, para disfunção erétil, tem a venda proibida no Brasil, vem do Paraguai contrabandeado e com vestígios de falsificação. Esses remédios falsificados são fabricados na China e entram no Brasil pelo Paraguai.

"Nós estamos encontrando uma quantidade enorme, que nos surpreendeu, de medicamentos para disfunção erétil, o Pramil especificamente, que vem do Paraguai", falou o diretor da Anvisa em Pernambuco, Jaime Brito.

Nem sempre atua como estimulante sexual e apresenta sintomas danosos à saúde. "Rapaz, dor de cabeça! Dor de cabeça bastante e nada! A reação é muito fraca, devagar demais. Eu tomei pra testar, mas o resultado é dor de cabeça. No outro dia o cabra acorda morto de dor de cabeça", conta o moto-taxista Eurides Correia.

Dor de cabeça também para os donos de farmácias, que vendiam o produto ilegalmente. "Isso realmente vem do Paraguai. O pessoal fica pedindo, pedindo... Aí eu comprei”, justifica o dono da farmácia Eustáquio Neves.

"A maior causa de morte por intoxicação é por conta de remédio falso. Isso é um grande risco para a população", falou a presidente do Conselho de Farmácia de Pernambuco, Elba Lúcia de Amorim.

Foi dada voz de prisão para 14 pessoas durante a operação. A comercialização irregular do Cytotec é ainda mais grave. São comprimidos abortivos que podem provocar até a morte por hemorragia em mulheres grávidas.

O médico obstetra Arnaldo Lucena fala dos efeitos do uso do remédio sem prescrição médica. “É o sangramento excessivo. E ela estando num local que não possa ser atendida, ela pode vir até a falecer, dependendo do sangramento excessivo”.

Os agentes da Polícia Federal e da Anvisa encontraram também nas farmácias, medicamentos destinados exclusivamente a hospitais credenciados pelo Sistema Único de Saúde, com a venda proibida no comércio.

E receituários forjados. Requisições de remédios controlados, que são usados como droga, com assinatura falsa do médico. "Profissionais da farmácia estavam preenchendo irregularmente o receituário e dispensando para a população, medicamentos que causam dependência física e psíquica. Ou seja: estava sendo vendido droga, de forma ilícita à população do estado de Pernambuco”, fala Bezerra.

Nos últimos três anos, 400 toneladas de medicamentos foram apreendidas, mais de 500 pessoas presas e cerca de 400 farmácias interditadas em todo o país. Mas isso ainda é muito pouco, em relação às irregularidades que existem no comércio de medicamentos no Brasil.

A Pfizer, indústria que fabrica o Cytotec citado na reportagem, informou que não comercializa o medicamento no Brasil desde 2003. Antes disso, segundo a Pfizer, o medicamento era apenas fornecido a hospitais.

Da Redação do pe360graus.com

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