quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Mulher com câncer descobre gravidez no 6º mês e dá à luz bebê saudável

Kelli Glucoski (Foto: Arquivo pessoal)Kelli descobriu a gravidez no sexto mês, enquanto tratava o câncer de mama (Foto: Arquivo pessoal)







No mesmo mês em que retirou um dos seios devido ao câncer de mama, a dona de casa Kelli Glucoski, de 36 anos, engravidou. Mas ela só descobriu que estava grávida no sexto mês da gestação, em agosto de 2014. Por causa da quimioterapia, Kelli não menstruava, e os raros enjoos que sentiu, a dona de casa atribuiu ao tratamento. “Como sou um pouco gordinha, também não notei minha barriga crescer”, explica. Hoje, Kelli amamenta a filha Tayla Vitória da Silva, de dois meses, pelo menos dez vezes por dia e com apenas o seio esquerdo. "Sem contar as mamadeiras que ela toma", diz.

A família mora em Guarapuava, na região central do Paraná. A descoberta da doença foi logo depois de Kelli notar um carocinho no seio direito, em junho de 2013. Após uma exaustiva bateria de exames, o diagnóstico: câncer de mama. “A primeira pergunta que fiz ao médico foi: é do bom ou é do mau? Aí ele me disse que era um tumor maligno”, lembra.
Desde a descoberta até a retirada do seio, a dona de casa garante que não se deixou abalar pela doença. “Para a minha família, foi bem difícil. Minha bisavó teve a mesma doença e acabou morrendo. Meu marido e meu filho, de 17 anos, sofriam calados”, relata. De acordo com Kelli, o desempenho do adolescente chegou a cair na escola durante o período em que a mãe ficou doente. “Eu me mantive forte e sempre sorrindo por eles”, afirma.
Kelli Glucoski  (Foto: Arquivo pessoal)Quando ficou careca, Kelli passou a usar lenços e
chapéus (Foto: Arquivo pessoal)






Kelli, então, vendeu a sua loja de artigos religiosos e começou o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ao todo, a dona de casa enfrentou oito sessões de quimioterapia para tentar destruir as células doentes e impedir que elas se espalhassem pelo corpo todo.
“A única vez que chorei foi quando meu cabelo começou a cair. Ele era lindo, liso e loiro”, conta. Ao ficar totalmente careca, a dona de casa passou a usar lenços e chapéus - sem drama, de acordo com ela. “Até tentei por uma peruca que era parecida com o meu cabelo, mas coçava demais”, confessa.  Entretanto, o tratamento com quimioterápicos não foi suficiente para combater o câncer.
O tumor maligno ficou maior, e foi necessária uma intervenção cirúrgica. Kelli optou pela retirada de todo o seio. “Só pude ver como tinha ficado no dia seguinte. Encarei com naturalidade a perda”, afirma. A dona de casa conta que se sentiu mais aliviada após a cirurgia e que o marido foi extremamente compreensivo após a retirada do seio. Depois de ter passado pela operação, Kelli seguiria, então, para a radioterapia. Foi aí que a gravidez, que já estava na 23ª semana, foi descoberta.
Kelli Glucoski (Foto: Arquivo pessoal)Kelli amamenta Tayla pelo menos dez vezes por dia
usando só o seio esquerdo (Foto: Arquivo pessoal)








Gravidez surpresa
“O médico disse que tinha uma notícia para mim, mas que não sabia dizer se era boa ou ruim. Quando ele me contou que eu estava grávida, respondi que, sem dúvidas, era uma notícia ótima”, declara. Apesar da preocupação, todos da família ficaram felizes e surpresos, segundo Kelli. “O tempo todo pensei positivo. Tive medo, sim, de não poder amamentar a minha filha. Mas nunca perdi a fé”, garante. Ela conta que os últimos meses de gestação foram bastante tranquilos e que a doença não se manifestou desde então.
Tayla nasceu no dia 4 de novembro, de parto normal. “Minha filha é saudável. E eu estou bem também. Os médicos costumam não acreditar que nós duas sobrevivemos”, afirma.
Kelli precisa voltar ao oncologista nas próximas semanas para saber se está tudo bem com a sua saúde. A dona de casa ainda não sabe se está totalmente curada do câncer de mama, mas já faz vários planos para o futuro. Um deles é a utilização de uma prótese de tecido, que é colocada no sutiã. “Por enquanto, quero curtir minha filha, a minha Vitória, literalmente, e a minha família”, diz.
Recomendações médicas
A orientação dos médicos para mulheres que estão com suspeita ou já estão diagnosticadas com câncer de mama é evitar, ao máximo, engravidar. “O câncer de mama é estimulado pelos hormônios, e a gravidez faz com que eles aumentem”, explica a médica mastologista Juliana Ribeiro Oyama Virmond. Segundo ela, os médicos aconselham a prevenção da gravidez através de métodos contraceptivos – com exceção da pílula anticoncepcional.
Entretanto, se a mulher engravidar durante o tratamento, há cuidados que devem ser tomados, de acordo com a médica. A radioterapia, por exemplo, aumenta o risco de o bebê nascer com algum tipo de deficiência. “A recomendação é evitar a radio”, aconselha. A conduta da quimioterapia também deve ser mais direcionada, e o acompanhamento, minucioso. Por fim, Juliana lembra que a legislação brasileira permite a interrupção da gravidez quando a probabilidade de morte da grávida é grande. “Mas a decisão final sempre cabe à paciente”, explica.
Tayla Vitória da Silva nasceu no dia 2 de novembro de 2014 e é saudável (Foto: Arquivo pessoal)Tayla Vitória da Silva nasceu no dia 2 de novembro de 2014 e é saudável (Foto: Arquivo pessoal)

Alana FonsecaDo G1 PR, em Guarapuava

Nenhum comentário: