quarta-feira, 22 de abril de 2015

Subtenente deixa de ser suspeito de matar filho; delegado vai indiciar mãe

Lewdo Bezerra morreu após ingerir sorvete de morango servido pela mãe, segundo delegado (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)Lewdo Bezerra morreu após ingerir sorvete de
morango servido pela mãe, segundo delegado
(Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)







O delegado de Polícia Civil Wilder Brito Sobreira, do 16º Distrito Policial, em Fortaleza, vai desindiciar (tirá-lo como suspeito do crime) o subtenente do Exército Francileudo Bezerra e indiciar a mulher do militar, Cristiane Coelho, pela morte por envenenamento do filho do casal Lewdo Bezerra, de 9 anos, em novembro do ano passado. “Estou indiciando a Cristiane por tentativa de homicídio e homicídio triplamente qualificado. A pena é de mais de 30 anos se ela for condenada”, diz o delegado.
No inquérito, que deverá ser encaminhado ao Ministério Público nesta quarta-feira (22), o delegado também pede a decretação da prisão preventiva da mãe de Lewdo Bezerra. “A Cristiane estava no Recife, na casa da mãe. Tivemos a informação de que ela deixou a casa e está com o pai, um policial aposentado. Vamos pedir que a juíza [Cristiane Magalhães Cabral, da 1ª Vara do Júri] decrete a prisão itinerante da Cristiane”, explica o delegado que preside o inquérito.
Na madrugada de 11 de novembro de 2014, o subtenente do Exército Francileudo Bezerra e seu filho Lewdo Bezerra ingeriram veneno para rato conhecido como "chumbinho". O pai ficou em coma por uma semana e se recuperou. O militar chegou a ser apontado como suspeito de homicídio, porque no primeiro depoimento a mulher, Cristiane, contou à polícia que ele tinha matado o filho com tranquilizantes e tentado se matar, além de agredi-la.

Segundo o delegado, Cristiane demorou a entregar o aparelho celular para a policia  para dificultar as investigações. “Na hora, ela justificou pra mim que o aparelho tinha ficado no Recife. Eu sabia que era uma mentira deslavada, que ela não queria entregar o aparelho. Eu cheguei a pensar em pedir a prisão temporária dela por que ela estava obstruindo o trabalho da polícia. Quando recebi o telefone e enviei para a perícia, descobrimos que vários arquivos haviam sido deletado e outros enxertados".
A perícia realizada nos equipamentos eletrônicos usados pelo casal, notebooks e celulares, aponta que a mãe da criança fazia pesquisas na internet sobre como envenenar pessoas com chumbinho desde o dia 29 de outubro. "Ela pesquisou como matar uma pessoa envenenada, de como seria a dosagem (...). O tempo para matar uma pessoa envenenada dura de 30 minutos a duas horas, dependendo da dosagem, do aspecto físico da pessoa. No caso da criança, é de 30 minutos. Ela estudou tudo isso durante o período em que ela dizia que estava dormindo", diz.
"Com a extração dos primeiros dados, nós percebemos que ela também ficou em redes sociais após a morte do filho, discutindo com os  internautas, com as pessoas que estavam em uma rede social. Ela montou uma estrutura de defesa para ela. Mas se ela era a vítima, porque aquele comportamento sempre de defesa?”, questiona o delegado.
Cristiane passa a ser suspeita de matar o filho e tentar matar o ex-marido (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)Cristiane passa a ser suspeita de matar o filho 
(Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)








De acordo com as investigações, Cristiane Coelho envenenou o filho com chumbinho adicionado a sorvete de morango, na casa onde a família vivia, no Bairro Dias Macêdo, em Fortaleza. "A Cristiane, que dizia ter sido espancada pelo marido, matou o filho envenenado fazendo uso de sorvete de morango. Não há mais dúvida", afirmou o delegado Wilder Brito, após a conclusão do inquérito. "Não há uma prova, é um conjunto de provas que demonstra cabalmente que fica impossível a defesa fazer contestações (...). Cada laudo complementa o outro", explica o delegado.
O pai da criança, Francileudo Bezerra, não consegue entender as razões da mulher. “Às vezes eu passo a noite pensando, procurando um motivo. Eu sei que ela devia ter ficado com muito ódio de mim, porque você não tem que matar uma pessoa e sacrificar um filho para incriminar essa pessoa”, diz.  Na quinta-feira (16), o advogado do militar, Walmir Medeiros, deu entrada na Vara de Família de Fortaleza com o pedido de guarda do filho mais novo que, assim como o irmão, tem autismo.
Verônica PradoDo G1 CE

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