quarta-feira, 15 de julho de 2015

Polícia Federal cumpre oito mandados de busca e apreensão da Lava-Jato em Pernambuco

Publicação: 14/07/2015 08:22 Atualização: 14/07/2015 13:53

 (Apreensões de documentos da Lava-Jato atingiram nesta terça-feira quatro lideranças políticas, como Fernando Collor (PTB), Fernando Bezerra Coelho (PSB), Eduardo da Fonte (PP) e Ciro Nogueira (PP). Nas fotos, estão da esquerda para a direita)
A Polícia Federal (PF), em conjunto com o Ministério Público Federal, deflagrou na manhã desta terça-feira a Operação Politéia, que tem como objetivo o cumprimento de 53 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, referentes a seis processos instaurados a partir de provas obtidas na Operação Lava-Jato. A operação acontece em seis estados e no Distrito Federal. Em Pernambuco, estão sendo cumpridos oito mandados.
Neste manhã, a PF esteve na Avenida Boa Viagem, Zona Sul do Recife, nas residências do senador Fernando Bezerro Coelho (PSB) e do deputado federal Eduardo da Fonte (PP). No caso de Eduardo da Fonte, a PF também teria feito buscas em sua casa em Brasília, mas o fato é negado por sua assessoria. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que a operação tem como objetivo garantir a apreensão de bens adquiridos com supostas práticas criminosas. Não há prisões previstas nesta fase.
Além de Pernambuco, os mandados, que foram expedidos pelos ministros Teori Zawascki, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski, estão sendo cumpridos no Distrito Federal (12), nos estados da Bahia (11), Alagoas (7), Santa Catarina (5), Rio de Janeiro (5) e São Paulo (5). Cerca de 250 policiais federais participam da ação. As buscas ocorrem na residência de investigados, em seus endereços funcionais, sedes de empresas, em escritórios de advocacia e órgãos públicos.
De acordo com a Polícia Federal, “as medidas decorrem de representações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal nas investigações que tramitam no Supremo. Elas têm como objetivo principal evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados”. Foram autorizadas apreensões de bens, que possivelmente foram adquiridos pela prática criminosa. Os investigados, na medida de suas participações, respondem a crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, fraude a licitação, organização criminosa, entre outros.
Acusações
Fernando Bezerra Coelho
O senador do PSB é citado nos depoimentos dos delatores da Operação Lava-Jato, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Nos depoimentos, o nome de Bezerra aparece como representante do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, já falecido. Em depoimento prestado à Polícia Federal, Costa disse ter sido procurado por Bezerra em 2010 para o recebimento de propina no valor de R$ 20 milhões, que seria destinado à campanha de Campos à reeleição do governo de Pernambuco.
Já Youssef relata que negociava uma comissão inicial de R$ 45 milhões referente às obras de Abreu e Lima. O doleiro explica que o valor foi reduzido para R$ 20 milhões porque parte dos recursos anteriores havia sido encaminhada ao governo pernambucano para "resolver alguns problemas" que poderiam prejudicar a obra e os repasses a um outro consórcio, chamado Conest (formado pela Odebrecht e OAS) para construção da refinaria.
Eduardo da Fonte
O doleiro Alberto Youssef disse que o deputado federal pernabucano Eduardo da Fonte (PP) e o senador Ciro Nogueira (PP-PI) receberam entre 2010 e 2011 propinas de valores, ainda não determinados, pagos pela construtora Queiroz Galvão. Os recursos seriam para a implantação de tubovias em Abreu e Lima. O contrato referente a este serviço é da ordem de R$ 2,7 bilhões. A Queiroz Galvão foi uma das responsáveis pela construção da Refinaria Abreu e Lima, no município de Ipojuca, no Grande Recife.
Eduardo da Fonte, ainda segundo o delator, é acusado de intermediar a aproximação do esquema com o então senador Sérgio Guerra (PSDB), morto em março de 2014. As propinas seriam para evitar a instalação de uma CPI no Congresso. O ex-presidente do PSDB, o pernambucano Sérgio Guerra também teria sido um dos beneficiários pela propina paga pela Queiroz Galvão. O tucano recebeu, de acordo com Youssef, parte dos R$ 10 milhões destinados para impedir a realização da CPI da Petrobras.

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