quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Pane seca isenta seguradora


Antes de seguir viagem para Teresina, no Piauí, o avião King Air B200 foi abastecido em um hangar do Aeroporto Internacional dos Guararapes/Gilberto Freyre, no último sábado, com 1,1 mil litros de querosene. A informação foi repassada por fontes que acreditam que esse quantitativo foi insuficiente para a viagem de ida e volta da aeronave, que terminou caindo na manhã de domingo passado no bairro de San Martin, deixando o saldo de dois mortos e oito feridos. Ao todo, são 1.875 quilômetros de distância. Para esse percurso, no entanto, seriam necessários, para voar com o limite de segurança, pelo menos 1,4 mil litros de querosene. Não se sabe, se o tanque auxiliar do avião teria alguma reserva. Porém, o chefe do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa), tenente-coronel João Carlos Bieniek, presidente da comissão que apura a queda do bimotor, informou ao Diario,anteontem, que o avião veio de Teresina sem fazer novo abastecimento.Essa nova informação reforça ainda mais a tese de pane seca (falta de combustível) para o acidente. No entanto, traz mais um ingrediente à guerra de bastidores para saber quem assumirá os prejuízos. Isso porque, a Chubb do Brasil, seguradora contratada pela JC Shows, empresa jurídica da Banda Calypso, cujo guitarrista Chimbinha é o proprietário do avião, ficaria livre do pagamento das indenizações, conforme havia prometido terça-feira. Pelo contrato, o seguro não poderá arcar com pagamentos do sinistro em função de negligência por parte do contratante. Entende-se, no caso de a aeronave não ter voado com combustível suficiente, que os proprietário/comandante assumiram riscos."Nesse caso, não acredito na negligência do piloto que comandava o bimotor no domingo. Eurico (Pedrosa Neto) era muito competente. E apenas seguia ordens. O que existe é uma prática de pressão sobre os pilotos para voarem sem uma reserva estratégica para situações emergenciais", acusou um dos pilotos ouvidos pelo Diario. Na edição de ontem, o DP já levantava a denúncia da prática corriqueira das empresas de táxi-aéreo de abastecerem em cidades com preços de querosene mais baixos. Em Teresina, por exemplo, o litro do combustível varia entre R$ 4,90 e R$ 4,95. No Recife, esse custo cai para uma média entre R$ 3,59 e R$ 3,85. Consumo - O bimotor King Air B200 consome em média 350 litros de combustível por hora. A viagem de ida e volta para Teresina leva cerca de quatro horas. Com capacidade de abastecimento de 2,4 libras, o equivalente a 1.080 litros, a aeronave possui dois tanques localizados embaixo da turbina. Fatores como vento, nível de altura do vôo e coeficiente de carga influenciam diretamente no consumo do combustível. O avião seguiu para Teresina com cinco pessoas, incluindo a tripulação. Na volta, trouxe 10 pessoas, seu limite máximo, além de bagagens. O piloto Bruno de Carvalho Carneiro Lins, 29 anos, que sobreviveu à queda do King Air B200, disse ontem, aindano hospital, que os dois motores do avião pararam de funcionar, quando a aeronave se preparava para aterrissar, no Aeroporto Internacional dos Guararapes. Isso, apenas 30 segundos do pouso autorizado pela torre. Um forte indício da falta de combustível. Bruno, no entanto, não soube informar como foram os procedimentos de abastecimento do avião antes de decolar em Teresina, às 9h do domingo. Ele acredita que pode ter havido um vazamento para justificar a falta de querosene. "O avião perdeu a potência do motor esquerdo. Em seguida, do motor direito. Acho que houve um vazamento de combustível e não acredito em negligência por parte do comandante para colocar em risco a vida de todos os passageiros", afirmou.Abastecimento da areonave

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