A bancada oposicionista na Assembleia Legislativa, rachada pela polêmica da indicação da liderança, chegou a um consenso, ontem, e agora tem um líder para os próximos dois anos. A função não ficou nem com Daniel Coelho (PV), nem com Tony Gel (DEM). O deputado Antônio Moraes (PSDB) foi oficializado como alternativa ao impasse entre as alas do PSDB/PV/PMN e DEM/PMDB. O anúncio do desfecho foi feito por Daniel, que há mais de um mês lutava pelo direito de liderar a oposição, mesmo com seu partido tendo aderido à base governista e assumido a Secretaria de Meio Ambiente. Ao tornar público seu recuo, no entanto, o verde deixou claro que não jogou a toalha por completo. Ele recorrerá à Justiça, como havia planejado, pela “confirmação do direito de integrar oficialmente a oposição“.
Antes mesmo da coletiva de Imprensa, realizada às 16h, já corria no plenário da Casa a interpretação de que a ala DEM/PMDB não só saira vitoriosa, ao barrar Daniel, como acabou forçando o tucanato a atuar como oposição. Desde as eleições gerais de 2010, quando 14 dos 17 prefeitos tucanos declararam apoio à reeleição do governador Eduardo Campos (PSB), além de outras lideranças da sigla, o PSDB viu-se imerso em desconfiança por parte dos próprios aliados.
Na campanha, dois dos cinco deputados tucanos eleitos - Carlos Santana e Claudiano Filho - pediram voto para o governador. A bancada ainda é composta, além de Moraes, por Betinho Gomes e Edson Vieira. Santana, Betinho e Vieira são pré-candidatos a prefeito em Ipojuca, Cabo e Santa Cruz do Capibaribe, respectivamente, e, segundo os bastidores da Assembleia, não teriam interesse em serem tachados como oposicionistas, diante da alta popularidade do socialista.
Indagado se não representaria, de antemão, uma oposição mais “light”, Moraes rebateu: “Se a gente for se guiar por isso, já teríamos saído da oposição e estaríamos no Governo. Isso nunca ocorreu”. E deixou o recado: “Podem ficar tranquilos que vamos estar na Assembleia para ser o elo com a sociedade”. O deputado ainda ensaiou críticas à gestão estadual. “Uma coisa é o discurso do Governo, outra é a realidade. Há problemas nas estradas, a Saúde tem dificuldades. A Segurança melhorou, mas há assaltos, crimes contra a honra, contra as mulheres”, disparou.
Por outro lado, o líder admitiu “dificuldades” de combate em razão da diminuta bancada de dez deputados do total de 49. “Vamos ter dificuldades grandes porque tudo é guiado pela proporcionalidade e, em comissões, por exemplo, só temos direito a 20%”. Moraes confirmou três colegiados na cota do grupo: Ciência e Tecnologia (Maviael Cavalcanti/DEM), Cidadania (Betinho Gomes) e Agricultura (Claudiano Filho). Ele informou que além de Gustavo Negromonte (PMDB), o outro vice-líder da oposição será Severino Ramos (PMN).
BLOCO
Solucionado o impasse, a ala DEM/PMDB encaminhou, ontem, ao presidente da Casa, Guilherme Uchoa (PDT), a indicação do líder e vice-líder do bloco partidário. Na liderança, ficará Tony Gel, e na vice, Maviael Cavalcanti. Segundo Gel, a formação do bloco dá direito a acréscimos de 50% e 40%, respectivamente, sobre a verba de gabinete, do líder e do vice.
RENATA BEZERRA DE MELO (FOLHA DE PERNAMBUCO)
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