quarta-feira, 5 de março de 2014

Mocidade Alegre é tricampeã em SP



A Mocidade Alegre é tricampeã do Grupo Especial do carnaval de São Paulo. O título foi garantido na tarde desta terça-feira (4), com a apuração das notas. É o segundo tricampeonato da história da escola -- o outro tinha sido entre 1971 e 1973 --, que agora soma dez títulos do carnaval paulistano.

A disputa foi décimo a décimo até a leitura das notas do antepenúltimo quesito – evolução. Neste critério, a avaliação dos juízes foi bastante rigorosa, mas a Mocidade não perdeu pontos, deixando as principais concorrentes para trás.

Depois disso, as notas máximas garantidas nos últimos quesitos – alegoria e harmonia – só confirmaram o tricampeonato, com 269,7 pontos. Aliás, por falar em tri, a vice-campeã também foi a mesma dos dois últimos anos: a Rosas de Ouro. A tradicional escola da Zona Norte foi a terceira a desfilar na madrugada de sábado (1º) para domingo, no segundo dia de apresentações no Anhembi.

 Ela entrou logo depois da Gaviões da Fiel, que dominava a arquibancada, e mesmo assim conseguiu causar grande impacto com o enredo "Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar". Assinado pelos carnavalescos Sidnei França e Márcio Gonçalves, o desfile encantou o público ao falar sobre as diferentes maneiras de vivenciar a fé.

 Mergulhando na religiosidade de várias partes do mundo, a escola vestiu várias de suas alas com elementos de religiões como o judaísmo, o candomblé, o islamismo, o espiritismo e crenças indígenas como a pajelança cabocla, as benzedeiras e os curandeiros.

 "Oh pai, conduz teus fiéis a buscar / na eternidade encontrar, a salvação", diz um do versos do samba-enredo da Mocidade. A superstição também foi levada à avenida, com componentes fantasiados de gato preto, horóscopo e numerologia. "Arruda pra benzer / ervas pra curar / tem reza forte da maria benzedeira", cantaram os 3.500 integrantes no refrão.

A comissão de frente coreografada pelo estreante Robério Theodoro representou o poder da sedução. Parte dos bailarinos entrou vendada na avenida, indicando que a fé muitas vezes pode ser cega. A evolução foi feita seguindo comandos por voz do coreógrafo.

 A coreografia ensaiada foi além da comissão de frente. Em um movimento coordenado e inusitado, todos os integrantes da escola se ajoelharam em plena avenida durante uma das paradas da bateria e comoveram o público. Os 240 ritmistas da bateria foram comandados por Marcos Rezende, o Mestre Sombra, que também é vice-presidente da escola.

A rainha da bateria foi Aline Oliveira, ex-ritmista da escola, pelo terceiro ano consecutivo. O abre-alas trouxe os elementos que representam a fé, e como ela pode levar as pessoas a mudar suas vidas. A segunda alegoria da Mocidade apresentou um templo, a construção elaborada pelos homens desejosos de ter um lugar onde possam professar sua fé.

O carro foi montado com objetos de várias religiões, como a Torá e a Bíblia, e os destaques representaram diferentes tipos de sacerdotes e homens de fé. O terceiro carro foi inspirado no equilíbrio entre o mundo terreno e o resto do universo, no qual se sustentam as crenças.

Já a alegoria seguinte, sobre o mercado da fé, mostrou outro lado da religião: a comercialização de produtos religiosos e o proveito que alguns líderes de igrejas tiram da fé alheia, na forma da coleta do dízimo.

O último carro alegórico da Mocidade Alegre inspirou o público a buscar, dentro de si, a força da luz interior para conseguir superar as barreiras e obstáculos que a vida apresenta. Com evolução impecável, a escola viveu momentos de tensão apenas nos últimos segundos do desfile, já que o último carro passou pela linha de chegada poucos segundos antes de estourar o tempo máximo.

Do G1, em São Paulo


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