quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Dois estudantes são detidos durante desocupação da Reitoria da UFPE


Do G1 PE
Após retirada, confusão continuou do lado de fora da Reitoria (Foto: Penélope Araújo/G1)Estudantes contaram que polícia usou spray de pimenta e bateu com cassetete (Foto: Penélope Araújo/G1)









Dois manifestantes foram detidos durante a desocupação da Reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), iniciada por volta das 7h30 desta quinta-feira (8) pela Polícia Federal e Polícia Militar. Os estudantes afirmam que houve excesso de força e uso de gás de pimenta durante a reintegração de posse. A Polícia Militar disse que foi feito todo o possível para negociar.

Os estudantes estavam acampados no local desde o dia 2 de outubro para exigir a aprovação do novo estatuto pelo Conselho Universitário. A Justiça determinou a reintegração de posse e a Polícia Federal cumpriu, com apoio da Polícia Militar. "Levamos várias pautas, entre elas a questão da segurança do campus, a homologação do estatuto, que está em vigência desde a ditadura", apontou, no dia da ocupação, a porta-voz dos estudantes, que não quis se identificar.
Policiais e estudantes durante a desocupação da Reitoria da UFPE (Foto: Penélope Araújo/G1)Depois da desocupação da Reitoria da UFPE, estudantes protestaram do lado de fora (Foto: Penélope Araújo/G1)
"Eles [os jovens detidos] serão levados para a Superintendência da Polícia Federal para prestar depoimento. Agora vão entrar os peritos criminais federais para ver se houve dano ao patrimônio. O motivo da detenção só será informado na sede da PF", disse Giovani Santoro, assessor de comunicação da Polícia Federal.

A advogada dos estudantes, Maria José do Amaral, reclamou que tinha sido impedida por um soldado de conversar com os clientes dela que haviam sido detidos. "Isso é letra de lei, garantida do estatuto da OAB e meu direito acaba de ser violado", afirmou, irritada.

"Tudo o que a gente podia fazer para negociar, a gente fez. Agora, infelizmente chegou a um ponto em que os estudantes disseram que não tinha mais o que negociar", explicou o capitão Augusto Vilaça, que coordenou o núcleo de negociação da PM durante a ação. De acordo com Santoro, participaram da reintegração 120 policiais, entre PM e PF.

"Eles entraram por trás [do prédio] jogando gás de pimenta. Tem gente lá dentro ainda e tentaram agarrar um companheiro nosso que estava saindo e a gente se jogou por cima dele, tiraram minha roupa, bateram com cassetete porque a gente estava tentando impedir que ficasse alguém pra trás. Foi excesso de força", disse uma estudante que se identificou apenas como Andrea.

Santoro havia informado, no começo da manhã, que todas as formas de negociação seriam esgotadas mas, caso não houvesse acordo, haveria "uso progressivo da força". "Se o pleito deles é legal ou não, eles têm que discutir em outro palco", afirmou Santoro, lembrando que é uma determinação da Justiça está sendo cumprida. Todos os acessos à Reitoria foram fechados antes das 6h por equipes da Polícia Federal e Polícia Militar. O Batalhão de Choque também está no local.
Estudantes se reúnem em frente à Reitoria durante a desocupação (Foto: Penélope Araújo/G1)Estudantes se reúnem em frente à Reitoria durante a desocupação (Foto: Penélope Araújo/G1)










Entenda a situação
No sábado (3), um vídeo mostrou uma confusão registrada durante a ocupação iniciada na véspera. Durante a confusão, uma das portas de vidro da entrada foi quebrada. Os estudantes afirmam que os seguranças particulares da UFPE quebraram o vidro. Inicialmente, a Superintendência de Segurança da universidade afirmou que a culpa era dos estudantes, mas depois alegou que "foi um acidente" pois os seguranças tentavam abrir a porta e os estudantes a queriam fechada. O superintendente da segurança da UFPE, Armando Nascimento, afirmou ainda pelo menos um segurança foi agredido por manifestantes, que negam.

A
 UFPE informou que o reitor conversou com os estudantes após a reunião, mas que não houve acordo para a saída do prédio. Segundo os alunos, apesar do reitor ter prometido conversar, não houve diálogo como esperado.A retirada dos estudantes ocorre em cumprimento à determinação da Justiça. A pedido da UFPE, a Procuradoria Regional Federal da 5ª Região tinha entrado com uma ação na Justiça pedindo a reintegração de posse do prédio da Reitoria. A universidade afirmou ainda que só vai se manifestar quando o grupo deixar o local.

O estatuto, que foi apresentado em reunião com o reitor Anísio Brasileiro na sexta (3), estabelece regras administrativas da instituição e foi elaborado por servidores, professores e estudantes. A UFPE informou que representantes de professores e técnicos estavam participando da reunião e que os estudantes não aceitaram participar apenas com uma comissão.

A porta-voz do grupo estudantil, que preferiu não se identificar, explicou que o acordo firmado com a reitoria previa a participação em massa dos estudantes. "Decidimos ocupar a reitoria porque isso é um descaso, tinha sido combinada uma coisa e aconteceu outra. Em nenhum momento, a questão da ocupação foi premeditada. Foi uma reação espontânea devido à falta de diálogo. O que estão fazendo com a gente é repressão em cima de repressão", afirmou.

Nenhum comentário: