terça-feira, 29 de setembro de 2015

Polícia retirou seis corpos da casa de pintor em favela na Zona Sul de SP

A Polícia Civil retirou seis corpos da casa do pintor de parede Jorge Luz Morais de Oliveira, preso na sexta-feira (25), acusado de matar um jovem homossexual, na Favela Alba, no Jabaquara, Zona Sul de São Paulo, segundo o Bom Dia Brasil. Foram familiares de uma mulher desaparecida que encontraram, por conta própria, nesta segunda-feira (28), novos restos mortais na casa do pintor.
Segundo a delegada Nilze Scapulatiello, do 35º Distrito Policial, roupas, calçados e ossos foram recolhidos da casa e levam à polícia a acreditar que pessoas tenham sido mortas e enterradas na casa do pintor.


Pintor suspeito de matar e ocultar cadáveres em casa no Jabaquara (Foto: Reprodução/TV Globo)Pintor suspeito de matar e ocultar cadáveres em
casa no Jabaquara (Foto: Reprodução/TV Globo)






"Tem homem, tem mulher, tem roupa de criança. Eu peguei todas as pessoas desaparecidas que eu tenho registro na área, pra informar, chamar parentes, reconhecer roupa, algum detalhes que não é pra nós, tem vários sapatos, sandálias, mas a família pode reconhecer", disse.
Uma equipe do Corpo de Bombeiros foi à casa do pintor na manhã desta terça-feira (29) para avaliar se novas escavações para buscas de outros restos mortais serão feitas. A polícia também encontrou fotos de seis pessoas na casa do pintor e vai investigar se elas estão desparecidas. Até agora, só o corpo do vizinho foi identificado.
O assassinato que levou à prisão do pintor ocorreu na noite da última quarta-feira (23), na residência dele, localizada na Rua Professor Francisco Emydio da Fonseca. Ele confessou que matou Carlos Neto Alves Júnior, de 21 anos, e decidiu se entregar após pedido da própria mãe. Depois da detenção, a polícia ainda encontrou ossos e restos mortais de outras possíveis vítimas na casa.


Interior da casa do pintor na favela Alba, na Zona Sul (Foto: Will Soares/ G1 )Interior da casa do pintor na favela Alba, na Zona
Sul (Foto: Will Soares/ G1 )










O local do crime já estava liberado pela polícia nesta segunda após a conclusão do trabalho da perícia. Os peritos, no entanto, não haviam recolhido os vestígios encontrados pela mãe e pela companheira da desaparecida.
A estudante Renata Christiana Pedrosa, de 33 anos, desapareceu em janeiro deste ano. Ela, que é homossexual, morava com uma companheira em um apartamento também na região do Jabaquara. Usuária de drogas, costumava comprar maconha para consumo próprio na favela onde o pintor vivia. Os dois, no entanto, não se conheciam, garante a família.

A mãe conta que chegou até a encontrar com Jorge Luiz em um dos muitos dias de busca. Na oportunidade, perguntou pela filha e mostrou até uma foto ao pintor, que negou já tê-la visto por ali. Moradora do Rio de Janeiro, Maria de Fátima diz que está "fazendo plantão" em São Paulo desde o começo do ano. Quando ficou sabendo do caso pela TV, não teve dúvidas: foi novamente ao local.
Desde o sumiço da filha, Maria de Fátima Pedrosa começou o que classificou como "trabalho de detetive" ao lado da nora. Juntas, elas deram início a uma busca em paralelo às ações da polícia. Como o último registro do GPS do celular de Renata apontava para a região da favela, elas decidiram concentrar os esforços na área.
Cansada de esperar pelo trabalho da polícia que, segundo ela, afirmava que Renata estava viciada em crack e morando na rua, na manhã de segunda-feira (28), ela e a nora compraram uma pá e decidiram entrar na casa do pintor para ver se encontravam alguma pista ou pertence da estudante.
Companheira e mãe de Renata entraram na casa do pintor em busca de pistas da filha (Foto: Will Soares/G1)Companheira e mãe de Renata entraram na casa
do pintor em busca da filha (Foto: Will Soares/G1)






Utilizando a ferramenta e também as próprias mãos, elas cavaram e vasculharam a residência até encontrar objetos, como calcinha e meias, e também restos mortais. Nenhum dos itens, no entanto, foi reconhecido pelos familiares como de Renata.
"Só vou acreditar [que a filha está entre as vítimas] se eu vir alguma coisa dela, ou o DNA, que ainda vai ser feito. Se eu vir o celular ou alguma joia que ela estava... Qualquer coisa assim. Até que me provem o contrário. O que escavamos foi pele, ossos de algum tempo. Nada que provasse que minha filha estava ali", afirmou Maria de Fátima.
Delegada isenta peritos
A delegada Nilze Scapulatiello fez questão de isentar de culpa os peritos - a quem classificou como "eficientíssimos" - por não terem encontrado ou recolhido os vestígios desenterrados pelos familiares de Renata.
"Não é que a perícia não tenha encontrado. No momento, não foi detectado. Você olha lá, pode ser um pedacinho de algodão e que não tem identificação, não tem ninguém na hora dizendo 'isso aqui é da minha filha'. Agora, não. Agora as pessoas estão nos procurando", explicou ela.
Ainda segundo Scapulatiello, as equipes responsáveis "fizeram todo o trabalho de investigação, perícia para o local, tudo que foi possível fazer num fim de semana chuvoso e sem nenhuma informação". Um novo trabalho de perícia foi solicitado nesta segunda-feira. O local, agora, está sendo preservado pela Polícia Militar.
Perguntada se houve falha da perícia, Scapulatiello foi direta: "Não falhou. Ninguém falha. As coisas tem que ser complementadas com as notícias que você vai recebendo", completou.


Beco onde fica a casa do pintor suspeito pelas mortes (Foto: Will Soares/G1)Beco onde fica a casa do pintor suspeito pelas mortes (Foto: Will Soares/G1)
Do G1 São Paulo

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