quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Depois de trocar de sexo, boxeador quer lutar contra mulheres


O boxeador Rob Newbiggin (na foto ) está prestes a se tornar Mercedes. Aos 44 anos, o atleta decidiu se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo. A decisão tornou-se motivo de piada de seu próximo adversário no ringue, Michael Gomez. “Sou totalmente contra bater em mulher, mas vou fazer esta exceção. Se ele está confuso sobre sua sexualidade agora, não vai ter nem ideia quando eu tiver acabado com ele”, disse ao tabloide inglês The Sun.

Ao jornal, Rob disse não ter dúvidas sobre a sexualidade. “Quero ser uma mulher desde que tinha 3 anos de idade”, afirmou. Ao Southport Visiter, jornal da cidade onde mora, na Inglaterra, Rob contou que, apesar de ter aparência masculina, tem altos níveis de estrogênio e, quando bebê, os médicos tiveram dificuldade para identificar seu sexo.

Foi justamente por Rob ter um comportamento feminino que seu pai adotivo decidiu matriculá-lo nas aulas de boxe, um esporte tido como masculino. “Ele estava tentando me proteger. Eu só fiquei sabendo aos 16 que era adotado e foi só então que descobri minha condição no nascimento”, disse. “Foi aí que as coisas começaram a fazer sentido para mim”.

Ao anunciar publicamente sua decisão de mudar de sexo, Rob, que é casado com uma mulher há três anos, está se arriscando a perder a guarda dos filhos. “Não importa se sou homem ou mulher, desde que seja um bom progenitor”, afirmou. Outra questão incerta sobre o futuro de Rob é sua carreira como boxeador. Ao se recuperar da cirurgia, ele vai tentar voltar a lutar, desta vez contra mulheres, mas não sabe se será aceito pela organização das competições.

O caso de Rob é muito parecido com o da tenista americana Renée Richards (foto). Nascida em 1934 como homem, Renée submeteu-se à mudança de sexo em 1975. Um ano depois, ela tentou disputar o Aberto de Tênis dos Estados Unidos, mas a associação do esporte no país negou-lhe a permissão, alegando que a regra para definir sexo era ter “nascido mulher”. Renée contestou a decisão e a Suprema Corte de Nova York ficou a seu lado em 1977, numa decisão considerada histórica na luta pelo direito dos transgêneros.

Que os transgêneros precisam ser reconhecidos e respeitados, não há nenhuma dúvida. Sempre acredito também na igualdade plena entre homens e mulher. Mas, no caso de Rob, seria mesmo justo competir contra mulheres “nascidas mulheres”? Mesmo que tenha decidido ser Mercedes, as características masculinas de Rob poderiam ser uma vantagem desleal contra as adversárias. O que você acha?

por Letícia Sorg (REVISTA EPOCA)

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