segunda-feira, 18 de maio de 2009

Lula afirma que CPI é eleitoreira


RIAD, ARÁBIA SAUDITA (AE) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiu ontem, a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias de irregularidades na administração contábil da Petrobras como “questão político-eleitoral”. De acordo com ele, a decisão de manter a assinatura do requerimento para a implantação da CPI, tomada por 30 senadores na noite de sábado, é coisa de “quem não tem mais nada a fazer”.


As declarações foram feitas em entrevista coletiva no início da noite, em Riad. Depois de pedir aos jornalistas presentes que privilegiassem questões relativas à viagem à Arábia Saudita e não fizessem perguntas sobre a política interna do Brasil, Lula se dispôs a responder. Para o presidente, a instauração da CPI não causa temor algum ao governo. “Do ponto de vista prático, não tem (receio) nenhum”, afirmou.


Lula disse que todos os comentários que teria a fazer sobre o assunto havia feito na base aérea de Brasília, antes da viagem. Na oportunidade, o presidente afirmou que a CPI não era do Congresso Nacional, e sim “muito mais do PSDB”. “Não vou tocar em um assunto que é interesse específico do Senado. Todas as pessoas ali têm dados suficientes para fazer o que entenderem melhor”, reiterou.


O presidente lamentou que a investigação seja aberta em um “momento de ouro na área do petróleo”, quando o governo proporá um debate nacional sobre o novo marco regulatório do setor. “Estamos viajando o mundo em busca de recursos para que a Petrobras possa intensificar a exploração do pré-sal”, alegou. “Não podemos transformar isso em uma questão de política eleitoral envolvendo a empresa mais importante que o Brasil tem”. Então, voltou a disparar contra os partidários da CPI: “De qualquer forma, se as pessoas que assinaram o requerimento não têm mais nada para fazer, que façam. Nós vamos continuar tocando o barco”.


A criação da CPI da Petrobras foi definida à meia-noite de sábado, quando apenas dois senadores - Cristovam Buarque (PDT-DF) e Aldemir Santana (DEM-DF) -, das seis defecções que o governo precisava, aceitaram retirar suas assinaturas. De acordo com o requerimento redigido pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a CPI deverá investigar possíveis irregularidades no licenciamento da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, a distribuição de royalties e as manobras contábeis que teriam evitado o pagamento de RS$ 4,3 bilhões em impostos devidos pela Petrobras.

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